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domingo, abril 20, 2025

Num Estado sem oposição visível, o fantasma do novo começa a ganhar forma

De CEO da UCP, no Paraguai a pré-candidato no MS: Carlos Bernardo não está mais só sondando – está construindo um caminho sem volta rumo ao Parque dos Poderes

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Até aqui, o governador Eduardo Riedel caminha sem sobressaltos para 2026. Blindado pelo apoio do antecessor, Reinaldo Azambuja, e ancorado no poder da máquina estadual, das prefeituras aliadas e do empresariado tradicional, o tucanato sul-mato-grossense parece não ter pressa nem medo. O quadro, no entanto, começa a ganhar novas cores.

A recente agenda do reitor Carlos Bernardo, CEO da Universidade Central do Paraguai no Conesul do estado, acompanhando o deputado e ex-governador Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet, potencial candidato do PT ao Senado, isto nem bem chegado de Brasília, onde participou de encontros com ministros e, sobretudo, uma conversa reservada com José Dirceu – não deve ser tratada como curiosidade diplomática. É o sinal mais evidente de que uma pré-candidatura ao governo do Estado pelo Conesul está em estágio avançado de articulação. E mais: com a chancela do núcleo duro do PT nacional.

A reunião com Dirceu é, por si, altamente simbólica. O ex-ministro, mesmo com as cicatrizes da Lava-Jato, segue sendo um dos estrategistas mais influentes da esquerda brasileira, operando nos bastidores como fiador de alianças e catalisador de recursos. Ter seu aval significa acesso à engrenagem partidária, às bases sindicais e, sobretudo, ao crivo político de Lula – algo que não se conquista por acaso, especialmente quando o nome em questão, como é o caso de Bernardo, foge do perfil clássico do PT.

Carlos Bernardo, com sua trajetória acadêmica internacional, representa um projeto de terceira via: nem bolsonarismo tardio nem tucanato autocomplacente. Um perfil técnico, sem vícios da política local, com apelo junto ao eleitorado urbano e intelectualizado. Sua presença como empresário bem sucedido no Conesul, região historicamente esquecida pelas elites de Campo Grande, permite-lhe empunhar bandeiras como a integração regional, a diplomacia subnacional e projetos estruturantes de comércio e infraestrutura com o Paraguai e países do Mercosul.

Ao se aproximar de figuras como Zeca do PT – deputado estadual, federal e governador e ainda com penetração em segmentos populares – Bernardo ensaia um arranjo político raro: unir a imagem de gestor técnico com a capilaridade de um articulador tradicional. Se der certo, pode quebrar o monopólio político que vigora há mais de duas décadas em Mato Grosso do Sul.

Mas o caminho não é sem pedras. A esquerda clássica ainda vê Bernardo com desconfiança. Um empresário de fala mansa e moderação política pode soar indigesto para setores mais ideologizados do PT estadual. Além disso, o desconhecimento de prefeitos do interior e a necessidade de montar uma rede sólida fora da capital representam obstáculos imediatos.

Do lado tucano, o PSDB já prepara sua artilharia. Com Riedel na cadeira e Barbosinha em rota de sucessão, não há espaço para hesitações: qualquer movimento em direção ao Parque dos Poderes será combatido com o peso do orçamento, da propaganda oficial e das alianças emedebistas que sobrevivem no interior.

Mesmo assim, o timing pode favorecer Bernardo. Em 2026, Lula estará na presidência – e com ele, o desejo de ampliar a presença petista no Centro-Oeste. A eventual candidatura de Bernardo surge, portanto, como uma solução que atende tanto à demanda por renovação quanto ao desejo pragmático de competitividade.

Há um cálculo em marcha: o de que Mato Grosso do Sul está, enfim, maduro para uma virada. E não será com um nome carimbado que ela virá. Será com alguém que consiga vender futuro sem negar experiência, que fale de integração regional com propriedade e que, diante do eleitorado, represente mais do que uma revanche partidária – represente um novo projeto de Estado.

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