O ex-presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista exclusiva na noite desta segunda-feira (21) do hospital onde está internado. Ele falou ao SBT Brasil da cama de seu quarto de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Bolsonaro disse acreditar que ficará pelo menos mais uma semana internado. Diante disso, acrescentou, “seria muito dispendioso para nós essa viagem para São Paulo [se estivesse internado lá]”. Ele fez a avaliação ao ser questionado sobre a troca da equipe médica.
“Já troquei de equipe médica algumas vezes. Entendo que seria melhor tratado aqui em Brasília. Minha esposa está todo dia aqui, trocamos ideias, confidências, falamos da nossa filha, nosso futuro”, explicou.
Segundo ele, a entrevista do hospital aconteceu para não deixar “criar corpo certas narrativas”. “Estou enfrentando julgamento político e não técnico”, afirmou.
Bolsonaro está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
A decisão de torná-lo réu tomada em março pela corte abriu caminho para julgar o mérito da denúncia contra o ex-presidente até o fim do ano, em esforço para agilizar o julgamento e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.
O ex-presidente repetiu os argumentos que utiliza para se defender das acusações. “Como posso deteriorar patrimônio se estava fora do Brasil? Que dano é esse que causei? E golpe de Estado, é brincadeira, golpe de Estado sem liderança, sem tropas, sem arma, em um domingo e sem presidente para destituí-lo no momento. Não tem cabimento para mim e qualquer um que seja”, disse.
“Outra é organização criminosa armada. Pergunte se alguma arma branca ou de fogo foram apreendidas no 8 de janeiro?”, acrescentou.
O ex-presidente disse que não tem medo de ser preso. “STF vai focar na minuta do golpe e o plano de assassinar autoridade. [Sobre o plano] não posso ficar aí divagando o que acho, não acho disso daí. Isso nunca passou pela minha frente, nunca tomei conhecimento disso”, disse.
Já em relação a minuta do golpe, Bolsonaro afirmou ter falado sobre o assunto uma vez. “Na segunda conversa não se falou mais nisso”, afirmou.
Bolsonaro também foi questionado se conseguirá ser candidato nas eleições presidenciais de 2026. “A esquerda não vai ter nome para se apresentar como razoável candidato. Se for Lula, pior ainda”, opinou.
“Do nosso lado, tem bons nomes por aí, mas cada um dentro do seu partido tem que cavar seu espaço. Tem que começar a rodar o Brasil e fazer o seu trabalho para ganhar simpatia e confiança da população População não quer outro nome da direita que não seja Jair messias Bolsonaro e ponto final”, disse.
A entrevista foi concedida do hospital em Brasília onde está internado desde 11 de abril. Ele passou mal em evento no Rio Grande do Norte e foi hospitalizado. De lá, foi transferido para Brasília, onde passou por uma cirurgia de 12 horas.
Os problemas no intestino são consequências da facada que levou na campanha presidencial de 2018.
De acordo com o boletim médico desta segunda (21), estão mantidas as recomendações de fisioterapia e de não receber visitas. Ele segue em jejum oral, com alimentação intravenosa e internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sem previsão de alta.
Foram retirados os drenos do abdômen e realizada a troca do curativo da incisão cirúrgica, segundo o texto. “Segue com boa evolução clínica, sem febre e pressão arterial controlada”, diz o boletim.
Lucas Marchesini/Folha de S.Paulo