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quarta-feira, abril 30, 2025

O esforço de Barbosinha para desagravar Dourados com seus vice-trapalhões

Vice-governador Barbosinha trabalha discretamente para continuar vice, mas não briga pelo cargo

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Se algum douradense notívago resolver visitar a praça Antônio João numa dessas madrugadas outonais, não se assuste se, ao lá chegar, se deparar com o vice-governador Barbosinha, de pá ou enxada em punho, cavucando aos pés do monumento de nosso herói Antônio João Ribeiro.

Será seu último esforço — simbólico ou não — de tentar achar a tal da “cabeça do burro” (que agora muitos juram ser a do vereador Azola, assassinado nos anos 1990), a mesma que assombra há décadas a política local. Uma espécie de praga cíclica que, como numa repetição histórica mal-resolvida, reapareceu nas eleições para a Câmara Municipal do ano passado.

É, no fundo, um esforço hercúleo de Barbosinha para manter-se como vice-governador e, assim, daqui a quatro anos, com a possível candidatura de Riedel ao Senado — com direito a cadeira cativa ao lado de Azambuja no Salão Azul — abrir caminho para que Dourados, enfim, tenha seu governador, nem que por simbólicos sete meses. Assim como aconteceu com Três Lagoas, agraciada com Ramez Tebet. Ramez, aliás, fez tão bonito no curto período em que substituiu Wilson Martins que acabou se tornando senador, ministro de Estado e presidente do Congresso Nacional.

Não por acaso, Riedel, ao reassumir o governo nesta semana após breve e merecido descanso na Europa, não economizou nas mesuras ao vice. Tanto na saída quanto na volta, repetiu o tom: a confiança em deixar o Estado em boas mãos. Mas será mesmo confiança ou puro contraste com os que vieram antes?

A lista de vices douradenses é, no mínimo, peculiar.

George Takimoto, o primeiro deles, vice de Marcelo Miranda, não causou grandes estragos. Muito por conta da habilidade de Marcelo, que de imediato providenciou uma vice-governadoria em Dourados, com o pretexto de aumentar a participação da cidade no governo. Na prática, virou um monumental cabide de empregos.

Egon Krakheche, o gaúcho radicado por aqui, foi discreto como vice de Zeca do PT. Agrônomo por formação, focou no agronegócio e nos assentamentos, alinhado com sua cartilha petista. Passou sem sobressaltos.

Braz Melo, vice no segundo mandato de Wilson Martins, tinha tanta sede de poder que obrigou “Dr. Wilson” a despachá-lo de volta à prefeitura após aquela história mal-explicada das areias monazíticas de Guarapari (ES), onde supostamente teria feito despachos para acelerar a sucessão.

Murilo Zauith tentou seguir a mesma trilha: vice no segundo mandato de André Puccinelli e, depois, novamente com Reinaldo Azambuja. Tentou, mas não conseguiu. Seu fim político, melancólico, acabou registrado nas mesas modestas de uma padaria de bairro, acompanhando o tempo passar sem cargo e sem planos.

É contra esse histórico que Barbosinha batalha. Seu esforço, que contraria sua personalidade calma e ponderada, é maior do que o interesse pessoal. Afinal, ele é nome forte para retornar à Assembleia ou conquistar uma cadeira no Congresso, seja na Câmara ou no Senado.

Mas por tudo o que representa — pela trajetória firme, pelo desempenho acima da média de seus antecessores e, principalmente, por Dourados — ele merece mais que sete meses. Merece a chance de reescrever a história da cidade com dignidade, sem maldição, sem vice-trapalhadas.

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