Agora vai! Pelo menos foi o que garantiu, mais uma vez, o prefeito Marçal Filho, ao deixar a sede da GOL Linhas Aéreas nesta quarta-feira em São Paulo. Animado como um viajante que consegue um upgrade de última hora para a primeira classe, Marçal anunciou ao povo douradense que o retorno dos voos comerciais da empresa é “questão de tempo”.
A reunião — recheada de sorrisos institucionais e reafirmações óbvias — trouxe, na prática, a já manjada frase que há anos embala os sonhos dos que não aguentam mais enfrentar horas e horas de estrada até Campo Grande ou se aventurar em conexões impossíveis: “Assim que o aeroporto for liberado, estamos de volta”.
Sim, você já ouviu isso antes. E não foi uma, nem duas vezes.
Em 2021, quando o Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira fechou para obras, o mesmo roteiro foi ensaiado. Azul e GOL, com direito a fotos e promessas, asseguraram: “tão logo seja liberado, voltaremos”.
Foram longos anos de silêncio, exceto, claro, pelas notas oficiais esporádicas que enfeitam a imprensa local e alimentam as esperanças dos eternos passageiros de voos suspensos.
Agora, com a pista reconstruída e com a homologação em fase final pela ANAC, a novela volta à programação normal. O prefeito, ao lado do secretário de Serviços Urbanos, Luís Roberto Martins de Araújo, foi até a GOL reforçar o pedido. E recebeu de volta o que todo político em fim de reunião adora: um aceno otimista.
“Saí muito confiante”, disse Marçal, como quem aposta que desta vez o café vai mesmo sair quente.
Os executivos da GOL — que conhecem bem a liturgia da diplomacia comercial — disseram o óbvio: Dourados é um bom mercado e a volta só depende do “ok” das autoridades aeronáuticas.
Nada mais previsível. Nenhuma empresa aérea em sã consciência diria ao prefeito — e ao eleitorado — que não quer voltar. Assim como ninguém se compromete publicamente com uma data em meio à burocracia.
Para reforçar a narrativa do “agora vai”, Marçal fez questão de lembrar que no começo da gestão já tinha conversado com a Azul. E que, na mesma linha da GOL, ouviu a promessa de que a empresa voltaria assim que a pista estivesse liberada.
Enquanto isso, os douradenses seguem no modo espera. Aprenderam, aliás, que na aviação comercial de Dourados tudo é uma mistura de “falta só um detalhe técnico” com “estamos aguardando a homologação final”.
É o tipo de anúncio que embala planos de viagem, mas nunca reservas confirmadas.
No fim das contas, a boa notícia — se é que se pode chamar assim — é que o Aeroporto Regional está, finalmente, a um passo de voltar à operação. A má notícia é que o último passo, como se sabe, é sempre o mais longo. E Dourados já é especialista em esperar.
Por ora, o voo da GOL para Dourados continua no painel da esperança: “previsão de chegada — a definir”.
Mas fique tranquilo. O prefeito já garantiu: agora vai.