Em tempos de promessas que caem como avião sem pista, uma notícia enfim decolou com motores ligados: durante uma live matinal, ainda no embalo dos preparativos para “curtir” a Expoagro, o governador Eduardo Riedel anunciou aquilo que há anos era aguardado por Dourados com a fé de um romeiro e a paciência de um contribuinte: o retorno dos voos comerciais à cidade.
E tem mais — não só as companhias que já operavam antes da interdição estão voltando, como a LATAM, gigante do setor aéreo, aterrissa com três voos semanais direto para Guarulhos, a partir de 8 de setembro. Em Bonito, os voos começam ainda antes: 3 de setembro. Tudo isso com os Airbus A319 e A320, modelos com capacidade para até 174 passageiros — espaço suficiente para transportar não só turistas, mas também uma boa carga de expectativas acumuladas.
Foi um anúncio que surpreendeu até o prefeito Marçal Filho, que vinha — com razão — medindo palavras sobre o tema. Afinal, depois de tantas promessas abortadas, aterrissar entusiasmo exigia mais que nota oficial: precisava de confirmação concreta, data, prefixo e assento marcado.
O otimismo foi embalado pelo discurso afinado do head de assuntos públicos da LATAM, Eduardo Macedo, que destacou a importância da conectividade para o desenvolvimento econômico e turístico do Estado. Bonito e Dourados, agora plugadas ao principal hub do país, o aeroporto de Guarulhos, poderão se conectar a mais de 50 destinos nacionais e 90 internacionais. É como ligar a tomada do MS direto na rede aérea do mundo.
Para o governo estadual, trata-se de mais um passo dentro de uma estratégia mais ampla de investimentos em infraestrutura e logística, com a requalificação de aeroportos e novas rotas como símbolo de um Mato Grosso do Sul que quer sair do isolamento aéreo e alcançar o protagonismo logístico nacional.
Mas como o ContrapontoMS não vive só de manchetes, é preciso lembrar que o céu ainda é o limite… e também o desafio. Que não se repita aqui o velho roteiro das promessas que decolam e somem no radar. A LATAM está chegando, sim, mas resta acompanhar de perto o funcionamento efetivo do aeroporto de Dourados, os prazos das obras prometidas, e o compromisso com a regularidade das rotas.
Porque de discurso em discurso, muitos voos já foram anunciados. O que importa agora é ver o embarque acontecer, o check-in funcionar, a bagagem não extraviar — e, principalmente, que Dourados e Bonito passem a figurar no mapa não só como destinos turísticos e econômicos relevantes, mas como cidades com direito a ir e vir — com ou sem escala.
No mais, que a Expoagro embale os anúncios com festa e negócios. E que desta vez, o céu não seja o limite, mas apenas o começo.
