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quinta-feira, maio 22, 2025

Palanque Camuflado: os bastidores eleitorais por trás da ribalta Expoagro

Com vaquejada política, ensaio de dobradinhas e até o gordinho do Bolsonaro no tatersal, a Expoagro 2025 virou palanque disfarçado, onde cada brado de rodeio ecoava um recado das urnas de 2026

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Além do retorno dos leilões, do palco dos peões e dos lombos dos touros bravos, a Expoagro 2025 já cumpriu sua missão mais estratégica: servir de palanque eleitoral disfarçado de vitrine rural. Quem prestou atenção nas montarias, viu. Quem olhou pros bastidores, entendeu. O fim de semana que passou foi menos sobre agronegócio e mais sobre articulação, alfinetadas e ensaios de dobradinhas futuras.

No centro da arena política, um Reinaldo Azambuja que voltou a circular como quem já se vê sentado em uma das poltronas do Salão Azul, mirando um mandato de senador. Ao seu lado, Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa, que não veio só para a foto: chegou com pose de quem também já prepara o terno para o Senado, sonhando em dividir bancada com o Azambuja, que nunca largou as rédeas do seu Quarto de Milha na condução da tropa.

A presença dos dois foi tão simbólica que outros nomes — como os candidatos à reeleição Soraya Thronicke e Nelsinho Trad — nem ousaram aparecer, pelo menos no ato oficial de abertura do evento. Ausência notada, talvez estratégica. Convite teve. Mas talvez já soubessem que pisariam em terreno minado. Até porque ali não se discutiria as famigeradas emendas parlamentares, razão de ser da vida e dos mandatos de ambos.

No varejo eleitoral, o tatersal virou praça de guerra antecipada. Isa Cavala Marcondes, fenômeno das urnas douradenses, circulou como quem já está com o diploma de deputada estadual no bolso. E por tabela, jogou holofote sobre Lia Nogueira, que agora parece mirar mais alto: desfila como pré-candidata a deputada federal, ignorando a “casa” do anfitrião da festa, Gino Ferreira — aquele mesmo que farejou o Senado por oito anos como suplente de Valdemir Moka e agora quer mais do que continuar batizando bezerros. Se o palanque é bom, que se monte a sela.

Assim, dobradinha que Lia tanto desejava com Mara Caseiro também parece cambalear — não por falta de vontade, mas porque Mara, além da colega de Assembleia, agora mira também Rose Modesto, para ver quem chega primeiro ao Anexo IV da Câmara Federal.

A dança das cadeiras está tão acelerada que até o “gordinho” do Bolsonaro, Rodolfo Nogueira, resolveu abandonar a convalescença do chefe do rebanho em Brasília para arriscar alguns minutos por perto de Kaká Guaritá, de quem levou uma surra ano passado, no mesmo tatersal. De carona, trouxe o colega de bancada e de ideais Marcos Polon, também candidato a reeleição, que torceu o nariz para Azambuja no palanque. O compasso depende, em grande parte, do maestro ainda remanescente do ninho tucano: Eduardo Riedel.

O governador, que independe dos por ele garantidos voos da LATAM para Dourados para conseguir um segundo mandato, tem antes que resolver se decola mesmo do ninho tucano, onde as penas estão rareando mais rápido que as de frango em época de gripe aviária. A incógnita partidária é o nó da vez. Agosto está logo ali, e até lá muita gente terá que escolher novo ninho, sigla ou poleiro. Porque quando o apito inicial da Copa do Mundo de 2026 soar, não adianta mais procurar chuteira: quem não tiver partido pra jogar, vai assistir do banco.

A Expoagro, mais uma vez, mostrou que a política sul-mato-grossense não se faz só em gabinetes: ela brota na poeira dos rodeios, no camarim dos shows e nas rodinhas onde se serve churrasco e se costura o futuro. Aliás, o que menos se viu no parque foi boi perdido. Já candidato querendo aparecer como novidade, teve de monte.


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