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terça-feira, junho 10, 2025

Leão XIV denuncia economia que ‘explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres’ em missa inaugural de seu papado

Essa é a primeira missa pública do novo pontífice que, em 9 de maio, realizou outra perante cardeais na qual apontou que o culto à tecnologia, ao dinheiro e ao poder está tomando o lugar da fé cristã.

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Onze dias após ter sido escolhido como novo líder da Igreja católica, o Papa Leão XIV marcou neste domingo o início de seu papapo com uma missa perante dezenas de milhares de fiéis e mais de 150 delegações estrangeiras na Praça de São Pedro, na qual denunciou “um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”.

— Em nosso tempo, ainda vemos muita discórdia, muitas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres — declarou o pontífice americano de 69 anos em sua homilia, em italiano.

A declaração, durante sua primeira missa pública, foi mais uma mostra da orientação social que o Papa pretende dar a seu pontificado, depois de ter escolhido seu nome em honra de Leão XIII (1878-1903), padre da doutrina social da Iglesia, que denunciou a exploração da classe tranalhadora ao final do século XIX. Desde sua eleição pelo Colégio dos Cardeais em 8 de maio, Leão XIV vem dando indicações de suas prioridades, enfatizando apelos por paz e justiça social em seus encontros com jornalistas, diplomatas e representantes das Igrejas Orientais. Em 9 de maio, em missa conduzida na Capela Sistina perante os cardeais, ele apontou que o culto à tecnologia, ao dinheiro e ao poder está tomando o lugar da fé cristã. Na quarta-feira, em um tom mais leve, o pontífice, conhecido por sua paixão pelo tênis, recebeu o italiano número 1 do mundo, Jannik Sinner, no Vaticano.

Antes de pronunciar sua homilia na missa cheia de ritos e simbolismo, Leão XIV recebeu os emblemas papais — o pálio, uma vestimenta que pende dos ombros e é usada sobre a casula, e o anel do pescador, que é forjado especialmente para cada pontífice e deve ser destruído após sua morte. Confeccionado com lã de cordeiro, o pálio simboliza seu papel como pastor, já o anel é uma tradição que remonta à época de São Pedro, discípulo de Cristo segundo a Bíblia e primeiro chefe da Igreja, que era pescador. Antes da cerimônia, Leão XVI rezou perante seu túmulo, localizado sob o altar da basílica que leva seu nome.

Em sua fala, o Papa enfatizou sua “gratidão”, insistiu na “unidade” da Igreja e defendeu a “caridade” em vez de “prender os outros com subjugação, propaganda religiosa ou meios de poder”. Ao final, também denunciou os conflitos na Faixa de Gaza, Mianmar e Ucrânia.

— Na Faixa de Gaza, as famílias estão reduzidas à fome. Em Mianmar, novas hostilidades causaram mortes de jovens. A Ucrânia espera uma paz justa e duradoura — disse o Papa Leão XIV, que se reunirá neste domingo no Vaticano com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que compareceu à cerimônia.

Antes do início de sua missa inaugural como 267º Papa, o líder de 1,4 milhão de católicos fez seu primeiro passeio de papamóvel, cumprimentando os fiéis na Praça de São Pedro, que o aplaudiam empunhando bandeiras e registrando o momento com seus celulares. Inácia Lisboa, uma cabo-verdiana de 71 anos que vive em Roma, disse que acordou “de madrugada para ver o novo Papa”, que ela diz já ter um lugar em seu coração.

Na tradição original da Igreja Católica, o início do pontificado era marcado pela coroação com a tiara, mas, embora não tenha sido abolido, caiu em desuso há mais de 60 anos. O último a ser coroado foi Paulo VI, em 30 de junho de 1963. Seu sucessor, João Paulo I, rejeitou tanto a cerimônia quanto a tiara papal. João Paulo II, Bento XVI e Francisco seguiram seus passos e também não foram coroados, assim como o novo Pontífice.

Na tradição original da Igreja Católica, o início do pontificado era marcado pela coroação com a tiara, mas, embora não tenha sido abolido, caiu em desuso há mais de 60 anos. O último a ser coroado foi Paulo VI, em 30 de junho de 1963. Seu sucessor, João Paulo I, rejeitou tanto a cerimônia quanto a tiara papal. João Paulo II, Bento XVI e Francisco seguiram seus passos e também não foram coroados, assim como o novo Pontífice.

A presidente peruana, Dina Boluarte, também participou da missa, assim como seus homólogos da Colômbia, Gustavo Petro; Equador, Daniel Noboa; e Paraguai, Santiago Peña. Outros convidados importantes incluem o novo chefe do governo alemão, Friedrich Merz; o presidente israelense Isaac Herzog; e o rei e a rainha da Espanha, Felipe e Letizia.

Leão XIV, sucessor do carismático Francisco, herda uma Igreja Católica afetada pelos incessantes escândalos de abuso sexual de crianças cometidos por padres. Ele também terá de abordar temas polêmicos como a posição das mulheres na Igreja, a questão da revisão do celibato sacerdotal, as finanças da Santa Sé e os inúmeros conflitos ao redor do mundo, para os quais o pontífice ofereceu sua mediação esta semana.

O Globo — Vaticano

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