O vereador Landmark Rios (PT) usou a tribuna da Câmara Municipal de Campo Grande nesta terça-feira (3) para fazer uma sugestão inusitada: que a prefeita Adriane Lopes (PP) tome como exemplo o prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), na condução do transporte coletivo.
A declaração foi feita durante mais uma sessão marcada por críticas ao serviço de transporte público da Capital, tema investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em andamento na Casa. A CPI já recebeu milhares de reclamações de usuários e aponta que as concessionárias têm penalizado sistematicamente os passageiros da Cidade Morena.
O contraponto, segundo Landmark, estaria em Dourados, onde cerca de 16 mil passageiros começaram o mês de junho pagando menos pela passagem de ônibus. A tarifa urbana caiu de R$ 3,25 para R$ 3,00, enquanto o valor cobrado dos estudantes do Ensino Médio e Superior passou de R$ 1,65 para R$ 1,00 — um alívio significativo para quem depende diariamente do transporte coletivo.
Foi a primeira vez na história de Dourados que houve redução na tarifa estudantil. “Temos preocupação em garantir mobilidade para toda a população, por isso insistimos com a empresa para que reduzisse o valor da tarifa normal”, destacou Marçal Filho. “No caso dos estudantes, a redução tinha que ser ainda maior, pois a maioria não tem renda e depende dos pais”, completou.
A diminuição foi uma exigência da prefeitura para prorrogar, por cinco anos, o contrato de concessão com a Viação Dourados. A empresa pretendia renovar por dez anos, mas o prefeito condicionou a renovação a uma série de melhorias, entre elas a redução tarifária, aquisição de três novos ônibus exclusivos para estudantes, ampliação de linhas e melhoria na frota.
Marçal lembrou que Dourados, consolidada como cidade universitária com mais de 120 cursos superiores, não poderia continuar permitindo que estudantes enfrentassem ônibus superlotados e escassez de rotas. “Transporte com mais qualidade, tarifa justa e linhas adequadas ajudam inclusive a reduzir a evasão escolar”, afirmou.
Outras exigências incluíram a renovação de toda a frota, instalação de ar-condicionado e acessibilidade em todos os veículos, com elevadores para pessoas com deficiência — metas que deverão ser cumpridas até o fim do contrato.
Enquanto Campo Grande tenta entender onde errou, o exemplo douradense foi parar no plenário da Capital — ainda que com certo tom de provocação.