Em conversa com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto enviou uma imagem do golpe militar de 1964, com tanques militares na frente do Congresso Nacional, com a legenda “foto histórica” e afirmou: “Não manda para o 01 mas pose [pode] mostrar”. Ao escrever 01, ele se referia a Bolsonaro.
O diálogo ocorreu em agosto de 2021, um mês antes das comemorações de 7 de setembro daquele ano, em mensagens recuperadas pela Polícia Federal e incluídas em um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da tentativa de golpe de Estado. Naquele ano, o 7 de setembro foi marcado por um discurso de Bolsonaro com recados ao STF.
— Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três Poderes continue barbarizando nossa população. (…) Ou o chefe desse Poder vai sofrer aquilo que não queremos — disse na época.
O ex-presidente também afirmou que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes.
— Dizer a esse indivíduo que ele tem tempo ainda para e redimir. Tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes — afirmou em outro momento.
As falas geraram grande repercussão e Bolsonaro recuou com uma carta intitulada “Declaração à Nação”, que foi articulada e construída pelo ex-presidente Michel Temer. No texto, Bolsonaro sinalizou com o cessar-fogo aos demais Poderes da República.
Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, e também foi candidato a vice na chapa do ex-presidente durante as eleições de 2022. Os dois hoje são réus acusados de terem atuado em uma trama golpista, com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula. Na semana passada, o Supremo concluiu as oitivas de testemunhas e réus. Cid é delator no processo.
Sarah Teófilo/O Globo — Brasília