Conectados a Carlos Lupi, presidente do PDT, quadros do partido vêm identificando, há pelo menos dois meses, sinais de que Ciro Gomes — antes um notável filiado — está próximo de desertar. O ex-ministro negocia migrar para o PSDB, com vistas para a eleição a governador do Ceará em 2026.
Nas fileiras pedetistas, a movimentação de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, do PDT ao União Brasil, em maio, já pavimentava o caminho da saída para Ciro, de quem é aliado. Na interpretação de nomes do PDT, Roberto não teria conseguido a “bênção” para a troca, se o próprio Ciro também não estivesse pretendendo mudar de legenda. O relógio começou a contar para valer a partir dali.
Mais cedo em maio, Ciro usou as redes sociais para dizer que estava “envergonhado” com a permanência de Wolney Queiroz na cadeira de Lupi à frente do Ministério da Previdência Social, após ter estourado o escândalo do INSS. Embora em linha com a comunicação pouco contida de Ciro, a atitude chamou a atenção por vocalizar publicamente um incômodo interno da legenda. Outros correligionários incomodados com a costura mantiveram silêncio, enquanto Ciro fez o oposto.
A linha direta de Ciro com Tasso Jeiressati, seu ponto de contato com o PSDB, também era vista no PDT como um forte indicativo de que ele poderia começar a conversar seriamente com os tucanos — como, de fato, está acontecendo agora.
João Paulo Saconi/O Globo