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sábado, julho 19, 2025

Entre a sela e a cela: Azambuja reaparece e o MS segura o fôlego

Bastou o ex-governador montar de novo para ressurgirem os ecos do passado. No MS da sela simbólica e da cela literal, até trocadilho vira prenúncio — e o povo, montado no susto, é quem leva as esporas

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Nem foi por mal, mas deu susto. O título Azambuja na sela provocou um reboliço digno de sirene da Polícia Federal nas hostes dos desavisados. Alguns juraram ter lido cela, outros tremularam as palmas das mãos com o celular avisando: “É hoje!”. Antes que se generalize — e porque há exceções que escancaram a regra — cabe lembrar: o governo Eduardo Riedel tem sido visto como ponto fora da curva, empenhado em quebrar paradigmas e arejar práticas que, por décadas, pareciam petrificadas no centro administrativo.

Compreende-se o susto. Vivemos tempos em que a sela virou metáfora e a cela, metáfora nenhuma — é fato. E quando o texto vem de um insubordinado do jornalismo, desses que já confundiu Parque dos Poderes com Parque dos Podres (sim, com “d”), tudo pode parecer mais sério do que é — ou mais verdadeiro do que convém.

À época daquele pequeno escorregão lexical, foi preciso escrever uma errata — em forma de crônica, claro — para garantir que o erro era só de digitação. Mas bastou o “podres” entrar em cena para os alicerces do centro administrativo balançarem como se prenunciassem o que viria: governador algemado, secretários desaparecidos, conselheiros do TCE sob suspeita e até desembargadores que hoje, se cruzarem as pernas num programa de TV, correm o risco de revelar mais do que gostariam — como, por exemplo, uma tornozeleira eletrônica discretamente reluzente.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Gerson Claro tem feito das tripas coração para mudar a imagem de uma Casa historicamente comandada por velhos caciques — o que não impede a presença de parlamentares já na mira do Judiciário, apenas à espera do fim do mandato para serem conduzidos ao presídio mais próximo (ou, quem sabe, a uma delegacia) a fim de adornarem a tornozeleira eletrônica cuidadosamente guardada para quem perde a imunidade parlamentar.

Por isso, quando o ContrapontoMS mostra Azambuja montando de novo, é compreensível que os distraídos comecem a procurar por boletins da Polícia Civil. Mas calma: dessa vez, a montaria é figurada. A sela é de couro. A cela, por ora, continua no campo da miragem “nostradâmica” do ex-deputado George Takimoto.

Aliás, se até a Cavala também quer a garupa de Azambuja até o pé da rampa do Senado é porque a política sul-mato-grossense virou, mesmo, um rodeio. E o povo, coitado, é quem leva chifre.

Um título como “Azambuja na sela” em pleno 2025 tem o poder de gelar a espinha de muito figurão engravatado e de alguns assessores com CPF na reta. Afinal, quando se trata de determinada, mas poderosa, minoria da política estadual, sela pode rimar perigosamente com cela — e o susto vem com força.

Foi assim que os alienados da política sul-mato-grossense, acostumados a dormir em berço esplêndido sob as benesses do esquecimento seletivo, acordaram com esse berrante editorial. Pensaram que o cavaleiro da planície tucana tinha, enfim, trocado o chapéu de boiadeiro pelo capuz listrado de presidiário. Mas não. Por ora, continua montado, elegante, posando como domador de votos e fiador de garupas alheias.

Enquanto a sela brilha ao sol das cavalgadas, a cela ainda o aguarda no pasto jurídico do STJ. Vai saber se alguns cavalos já encilhados para a cancha de 2026 não empaquem antes mesmo da largada, mudando de rumo e indo para a estrebaria por onde já passaram alguns dos mais populares e poderosos cavaleiros de nossas invernadas.

A saracura lembra: no Mato Grosso do Sul, até a sela causa pânico.
E no ContrapontoMS, até o trocadilho tem endereço certo.

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