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quarta-feira, julho 16, 2025

O algoritmo da imbecilidade

Na era dos algoritmos, não basta parecer idiota — é preciso viralizar como um

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Saí do Mauro Podcast na última terça-feira com a cabeça fervendo: conversa densa, reflexiva, daquelas que pedem neurônios afiados e sinapses em dia. Falamos da bestialidade oceânica das redes sociais, de como a estupidez viraliza mais do que a inteligência e da ilusão de que like é sinônimo de voto. Pior que a bestialidade só a ignorância de quem confunde sela de montaria com cela de prisão e sai “metendo o loco” no rádio-peão, obrigando-me a mais uma suíte para pôr os pingos nos is.

Ao entrar no carro – não sem antes checar se não havia algum motoqueiro encapuzado na retaguarda, depois de tudo que falei do bolsonarismo – o algoritmo aprontou das suas: surge um coach de Instagram, peito estufado, dedo em riste, vendendo os “três segredos do sucesso digital”.

Não precisei precisei escutar o três. O primeiro já bastou para decretar o fim dos tempos:

“Se quer que sua live bombe, não fale para seus amigos inteligentes. Fale o que os idiotas entendem.”

Simples assim. O algoritmo não quer ideias, quer ruído – e quanto mais imbecil, maior o engajamento. O botão do coraçãozinho não pulsa por conteúdo, mas por escândalo, bobagem, pelas camisas importadas dos Estados Unidos de youtuber petista ou pelo mimo que ele ganhou da fã carente.

Pego o professor Tiago Botelho como exemplo por sua condição de advogado, militante aplicado. Nas lives, é pop star; nas urnas, nem tanto. Perdeu para senador em 22, mesmo se apresentando como o candidato “amigo do Lula”, e para prefeito em 24, contra Marçal Filho e Alan Guedes. Provado está, pois, que fama digital não garante voto – e nem deveria. Vivemos sob a ditadura da visibilidade: ser raso virou virtude, profundidade é quase suspeita.

A internet, que podia ser um novo Iluminismo, virou picadeiro – e os palhaços deixaram de ser coadjuvantes para virar mestres de cerimônia.

Eu fico com a audiência orgânica: menor, quieta talvez, mas atenta. Gente que lê com o cérebro, não com o indicador e o polegar; que prefere um argumento torto a uma idiotice bem editada. Gente que decide.

Inteligência, hoje, é resistência. E, se a regra for falar o que os idiotas entendem, prefiro o silêncio – ou, quem sabe, o canto da saracura: baixo, mas capaz de acordar quem ainda dorme no galho da ignorância.

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