A cena é digna de tragicomédia diplomática: Donald Trump, o bufão mais perigoso que já ocupou a Casa Branca, resolveu mandar um alô solidário ao seu clone tropical, Jair Bolsonaro — que anda mais para réu itinerante do que para líder messiânico. A mensagem foi enviada com aquela verborragia incoerente que só ele domina: elogia, distorce, incita, e, no final, termina desmentindo a si mesmo.
Para o bolsonarismo, que ainda sonha com um novo 7 de Setembro épico, foi mais um daqueles tiros no pé com munição importada. Trump, que já jogou bombas sobre países inteiros sem consultar o Congresso, agora lança bomba diplomática contra o STF brasileiro — e esquece que o ministro Alexandre de Moraes não é do tipo que se intimida com fanfarronices internacionais. É o mesmo Moraes que já mandou prender empresário, deputado e general de quatro estrelas. Imagina o que seria capaz de fazer com bravateiro estrangeiro metido a valente.
E aí entra Lula. Mesmo meio tropeçando nas próprias metáforas e com um ouvido já mais treinado para desafinar em coletivas do que para reagir com contundência, desta vez reagiu à altura. Afinal, o que Trump fez foi uma blasfêmia diplomática, uma ofensa direta à soberania das instituições brasileiras — como se o Brasil ainda fosse o quintal de uma república das bananas onde ex-presidentes inelegíveis podem liderar motins com bênção internacional.
Mas o mais interessante é o efeito colateral: Trump não ajuda Bolsonaro, atrapalha. Sua fala viraliza entre os convertidos, mas serve como prova material para o inquérito que já anda gordo como dossiê de araponga. O “apoio” do americano entra nos autos como mais um indício de articulação internacional contra a democracia brasileira.
No fundo, o bolsonarismo celebra o gesto com emoji de foguinho, mas não percebe que está abraçando um âncora em alto-mar.
Para o insubordinado do Jaguapiru, que vê o mundo pelo avesso, mas enxerga o certo com o olho torto de quem conhece bem a lama, é simples: Trump só antecipou o que já era certo. E como se diz na terra vermelha do agronegócio do gordinho do Bolsonaro: quem muito se agarra em poste torto, uma hora se enforca na própria corda.