Tarcísio de Freitas, o tal “tecnocrata com pinta de gestor”, resolveu rasgar de vez o manual do bom senso. Em vez de liderar com autonomia, preferiu embarcar no trem fantasma do bolsonarismo delirante, onde passaporte apreendido vira credencial diplomática, e inelegível condenado se transforma em embaixador da pátria ultrajada.
Ao pedir que o Supremo Tribunal Federal libere Bolsonaro para viajar aos EUA e “negociar com Trump a questão do tarifaço”, Tarcísio não apenas se desmoraliza como gestor: ele se descredencia como figura pública minimamente preparada para pensar o Brasil — quanto mais para presidi-lo.
Com que autoridade alguém inelegível, réu em múltiplos processos e símbolo do negacionismo internacional negociaria qualquer coisa em nome do governo Lula ou do povo brasileiro? Seria cômico, se não fosse patético. É como mandar o incendiário apagar o fogo da floresta.
Mais grave: ao se juntar ao coro dos fanáticos que enxergam em Trump um justiceiro mundial — e não o golpista condenado que é —, o governador de São Paulo revela o que tenta esconder com discursos de equilíbrio e ternos alinhados: sua alma é de vassalo, seu norte é a submissão, seu projeto é o retrocesso.
Faltou noção. Faltou estatura. Faltou tudo.
Sobrou lambança.
Tarcísio mostrou-se pequeno. Um gestor incapaz de compreender a liturgia do cargo, e um político que, ao se agachar para lamber as botas de Bolsonaro, perdeu qualquer chance de crescer aos olhos da nação.
Se o Brasil precisar de alguém para negociar tarifas, que mande um diplomata.
Se for para defender nossa soberania, que vá o presidente. Se for para se ajoelhar e roer ossos do passado, que fique Tarcísio — no canil do bolsonarismo, onde se sente em casa.