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sexta-feira, dezembro 5, 2025

A tornozeleira que pode salvar o mandato do Gordinho do Bolsonaro

Entre o púlpito de Gianni na Papuda e o plenário, Rodolfo Nogueira transforma a humilhação do mito em palanque — e o agro douradense já prepara a sela para 2026

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Confesso minha estupefação ampla, geral e irrestrita. No fim da tarde de segunda-feira passada, no retorno da Academia — endorfina no talo — corro pra TV, ante a expectativa dos desdobramentos da tornozeleira eletrônica afixada no tornozelo esquerdo do Bolsonaro, uma sacanagem da Polícia Federal, que se diga. Não fica bem, para o mais legítimo representante da extrema direita raivosa da política brasileira, ficar expondo sua preciosa relíquia na perna esquerda.

Antecipei e reforcei minha dose de Rivotril. Direto para a papuda, agora? Sim e não.

Sim, porque a cena era de crônica anunciada: mito abatido, tornozeleira brilhando como joia de penitente. Não, porque a martelada final — o “selo oficial” da desgraça — dependia do piscar de olhos irônico do Xandão, que parece até se divertir com brete já montado para o gado na entrada do presídio famoso.

Mas, em meio ao Apocalipse bolsonarista (primeiras ondas já batendo no Lago Paranoá), um clarão iluminou a política douradense: é que o Gordinho do Bolsonaro, deputado Rodolfo Nogueira, acabava estrear como guardião da tornozeleira.

De qualquer forma a liturgia está completa: púlpito improvisado, Bíblia erguida por Gianni Nogueira, em frente a Papuda, e o marido gordinho lustrando o GPS do mito como quem prepara medalha olímpica. É mais que apoio: é devoção canina, selo de fidelidade raiz — coisa que o bolsonarismo idolatra.

E aí entra o cálculo político: Quanto mais Bolsonaro se aproxima da Papuda, mais o gordinho se firma como herdeiro do rebanho. A tradicional família presbiteriana Nogueira respira aliviada: se o mito cai, sobra espaço; se resiste, o selo de lealdade garante quatro anos a mais de pasto no plenário.

No meio dessa equação, surge a novela Gianni. É que Reinaldo Azambuja — mestre do “me inclua fora dessa” — preferiu se bandear para o PL, mas em aliança lado de Nelsinho Trad, do PSD de Kassab, preferindo uma sociedade mais rentável com quem já tem know how no comércio das famigeradas emendas parlamentares. Uma aliança que, no linguajar do Ninão — aquele mesmo da Pedra, marreteiro-mor e filósofo de boteco — é “pra ‘sargar’ o lombo de qualquer cristão que acredite em política limpa”.

Resultado? Gianni, que sonhava com o Senado, volta pro banco de reservas, consolada que lá na frente, pela força de suas orações, pode se sentar na cadeira de Marçal Filho, na sala de ladinho da sua, de vice. E Rodolfo, como guardião de tornozeleira do “mito” segue galopando pelo curral eleitoral do agro, na garupa de Azambuja, embalado pela vingança silenciosa de quem já levou sopapo de genro de coronel da política no Parque de Exposições e sobreviveu pra contar história.

E, para não dizer que o ContrapontoMS não dá direito de resposta, fica o espaço aberto ao deputado. Mas cá entre nós: se anda beiçudo com o apelido dado pelo “mito” e com a verve do insubordinado, que faça como a tornozeleira — aceite e carregue com orgulho.

PS.: Muito mais que premonição, o cano da bota do “gordinho” — em formato de tornozeleira — é só uma homenagem do deputado ao chefe. Ideia inspirada pela nossa musa digital (IAIA) e que talvez renda tendência na próxima coleção rural-bolsonarista.

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