O The New York Times, esse farol moral do jornalismo mundial que pauta até quem não sabe onde fica Nova York no mapa, estampou nesta quarta-feira (23) a imagem mais icônica da política brasileira recente: Jair Bolsonaro de tornozeleira eletrônica, no mesmo texto em que aparecem nomes como Anna Delvey e Martha Stewart, celebridades internacionais do estelionato e da pulseirinha fashion. O ex-presidente agora figura na vitrine global não como genocida, por bravatas patrióticas ou motociatas com Bíblia no guidão, mas pelo novo adereço na canela.
A matéria explica tudo: batida da Polícia Federal em casa e no partido, toque de recolher, banimento de redes sociais, distância obrigatória de embaixadas e diplomatas e a paranoia do Supremo de que o capitão possa dar no pé. Com direito a paralelos entre o “golpe frustrado de 2022” e tentativas de fuga rocambolescas que, se fossem filme, ninguém acreditaria no roteiro.
E como essa pérola chegou ao ContrapontoMS? Por obra do próprio guardião da tornozeleira, o sempre discreto gordinho do Bolsonaro, que me enviou um print seco, sem comentário, sem meme, sem risadinha nervosa:
Tipo assim: “Olha aí… estamos no NYT”.
Estamos mesmo — só que com um detalhe sórdido: o gordinho nem citado foi. No máximo, aparece imaginariamente no canto da foto, como papagaio de pirata do vexame internacional. Uma honra histórica: exportar vergonha sem nem direito a crédito.
O Brasil, antes conhecido pela bossa nova, Pelé e café, agora figura no mapa do mundo também pela tornozeleira diplomática. E que ninguém se engane: se Anna Delvey fez da pulseira eletrônica um item de moda e Martha Stewart transformou prisão em negócio, Bolsonaro inaugura o “luxo do constrangimento tropical”.
