O tabuleiro político de Mato Grosso do Sul ganhou uma peça de peso nesta sexta-feira (29), em Miranda. O empresário e pecuarista Carlos Bernardo, ele próprio pré-candidato a deputado federal pelo PT, resolveu dar um passo além: lançou Zeca do PT como pré-candidato ao Governo do Estado em 2026.
O gesto não é isolado. Neste sábado (30), Vander Loubet assume a direção estadual do partido em ato na capital, fechando a semana com ares de reorganização interna. Em outras palavras: o petismo pantaneiro está tirando as botas do armário e se aprontando para a guerra eleitoral.
Zeca, vale lembrar, não é novato. Governou Mato Grosso do Sul entre 1999 e 2007, surfando na maré da agricultura familiar, investimentos em saúde e educação e um canal aberto com movimentos sociais e sindicais. Em 2014, virou fenômeno: deputado federal mais votado da história sul-mato-grossense, com 160.556 votos. Hoje, na Assembleia Legislativa, segue como uma das vozes mais estridentes do plenário, sempre mirando nas pautas sociais e regionais.
Em Miranda, Carlos Bernardo fez o discurso que todo aliado gostaria de ouvir: “Mato Grosso do Sul precisa voltar a ser governado para o povo. Zeca já provou sua capacidade como governador, como deputado federal mais votado da nossa história e agora, como deputado estadual, segue representando os interesses da população. É por isso que tenho orgulho de lançar seu nome”.
O projeto anunciado mira em cinco frentes: agricultura familiar fortalecida, saúde regionalizada, educação valorizada, geração de emprego via Rota Bioceânica e políticas sociais de dignidade. Tudo embalado no figurino clássico da cartilha petista.
Com isso, a sucessão estadual de 2026 passa a ter um personagem que conhece o caminho das pedras. E o governador Eduardo Riedel, que até agora surfava sozinho em águas pantaneiras, vai ter de encarar um bote veloz que há tempos estava ancorado na barranca do Rio Paraguai, lá no Estrela Vermelha, em Porto Murtinho — ponto preferido de Zeca do PT para receber o amigo Lula, entre uma birita e umas ventrechas de pacu. E não se trata de qualquer retorno: o ex-governador ressurge turbinado com o apoio explícito de Lula, justamente no momento em que a recandidatura presidencial petista ganhou reforço de peso com o aceno de Donald Trump, numa das ironias mais saborosas da geopolítica recente.