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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Tarcísio sai do armário e se entrega à política golpista

Na tentativa de se cacifar na extrema direita, governador de São Paulo acaba com a fantasia de 'bolsonarista moderado'

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Se restava alguma dúvida, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem dado renovadas demonstrações de seu alinhamento à extrema direita, juntando-se à ralé ideológica e moral bolsonarista, com direito ao que há de mais abjeto no centrão.

Nos últimos dias, em busca de se cacifar com os radicais, tendo em vista a ausência de Bolsonaro em 2026, o governador saiu do armário e rasgou a fantasia de que seria um improvável “bolsonarista moderado”. No afã de agradar os seguidores de seu demiurgo, Tarcísio não tem feito por menos: declarou que, se eleito presidente, seu primeiro ato de governo (atenção, o primeiro!) será conceder indulto ao capitão golpista; afirmou também, em declaração alarmante, que não confia na Justiça brasileira (o que lhe valeu até um vexatório sabão em editorial do vetusto jornal O Estado de S. Paulo); engajou-se, ainda, na aventura de aprovar no Congresso um golpe contra a Justiça e a Constituição com a proposta delirante de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.

Duas pessoas estão em uma plataforma, uma à esquerda vestindo uma camiseta amarela com detalhes verdes, e a outra à direita vestindo uma camiseta verde. Ambas estão com a mão sobre o coração, em um gesto de respeito ou saudação. O fundo é desfocado, mas parece ser um ambiente urbano.
Jair Bolsonaro (esq.) e Tarcísio de Freitas em manifestação do Dia da Independência em São Paulo – Nelson Almeida – 7.set.24/AFP

Note-se que o mandatário já havia feito o papel ridículo de posar em suas redes sociais com o boné de Donald Trump; a seguir, em novo sinal de subordinação, rastejou diante do presidente dos EUA, em apoio às sanções tarifárias impostas ao Brasil.

Tarcísio conta com as indisfarçáveis simpatias de setores majoritários do mercado e do empresariado, com as suas correspondentes redes e câmaras de eco na opinião pública. São segmentos influentes que, em seu desespero para impedir novo mandato de Lula, topam tudo —o lixo golpista— por dinheiro. No caso, privatizações e corte de despesas sociais, com o objetivo de consumar um projeto de ajuste fiscal custeado pelos mais pobres.

O governante, como se sabe, não tem experiência política digna de nota e mal conhecia o estado. Foi um poste indicado por Jair Bolsonaro para pegar os paulistas. No governo, enfrenta dificuldades na segurança pública, que registra, entre outros problemas, uma disparada de mortes provocadas por policiais.

É também acossado por um escândalo de corrupção de grandes proporções na Fazenda estadual, e tem patinado na área educacional, com resultados medianos e a obsessão de instalar escolas cívico-militares como referência. Quanto a isso, aliás, o mandatário viu há pouco o TCE frustrar suas tentativas de usar verbas da Educação para pagamento de policiais militares, o que caracteriza desvio de finalidade. A fiscalização também apontou a inexistência de estudos prévios de impacto orçamentário e financeiro.

Não obstante a performance duvidosa, Tarcísio conta com alguma boa vontade de setores da população, embora mais da metade considere seu governo regular, ruim ou péssimo. Na fotografia atual, segundo o Datafolha, o governador perderia para Lula na disputa presidencial e empataria com Geraldo Alckmin no estado.

Errático, o personagem joga com dissimulações. Ora insinua que será postulante ao Planalto, ora que tentará de novo o Bandeirantes. Apesar da crescente movimentação do centrão para que se lance na campanha nacional, as incertezas no horizonte não são pequenas. Tarcísio corre o risco, em cenário periclitante, de perder a corrida presidencial e ver um adversário triunfar em São Paulo. Já pensou?

Marcos Augusto Gonçalves/Folha de S.Paulo

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