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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Volta às aulas em tempo de outono

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O sol não se dignou a aparecer neste dia. A tristeza do cinza é iluminada pelas cores das roupas das crianças que retornam às escolas. É dia de volta às aulas nesta manhã. Elas correm para encontrar um amigo ou uma amiga que viram entrar no pátio da escola, felizes pelos reencontros. O silêncio dá lugar às suas vozes alegres, às suas energias renovadas, às suas peles bronzeadas pelo sol de verão nos dois meses de férias.

Em setembro, a claridade e as temperaturas costumam girar em torno dos 20 graus. Diferente neste início de mês, quando as previsões anunciam chuvas e nuvens persistentes, que insistem em encobrir nosso belo astro, pelo menos até o fim da semana. As águas são necessárias, mas passar de semanas ensolaradas para dias cinzentos, do verão para o outono, em um salto só, pode nos deixar saudosos dos dias passados de férias e do bom tempo.

O pai que deixou o filho na escola corre para pegar seu ônibus rumo ao trabalho. O ancião de bengala caminha com cuidado, depois de puxar o capuz de sua capa de chuva impermeável amarela — usada por pescadores — para se proteger da garoa fina que recomeça a cair. O toldo da padaria foi abaixado sobre as cadeiras da calçada, onde turistas tomam o café da manhã. São raros os hotéis, atualmente, que oferecem esse serviço; por isso, o turista tem a impressão de pagar menos pela diária.

Na rua, um carro desliza no asfalto molhado, a menos de 30 quilômetros por hora — velocidade máxima nas ruas de Paris e em muitas outras cidades francesas. Os rastros deixados pelos pneus se apagam e se renovam com a passagem do carro seguinte. Um cadeirante aperta o botão para acionar o sinal e atravessar a rua quando a luz verde se acende para ele.

E o dia continua no seu cinza outonal.

  • Mazé Torquato Chotil – Jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP antes de chegar em Paris em 1985. Agora vive entre Paris, São Paulo e o Mato Grosso do Sul. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
    Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e é fundadora da UEELP – União Européia de escritores de língua Portuguesa. Escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.
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