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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Por que não Simone?

Entre o Vale da Celulose, os bastidores de Brasília e o tabuleiro de 2026, Simone Tebet surge como peça capaz de encerrar o coronelismo e recolocar Mato Grosso do Sul no mapa da grande política nacional

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Simone Tebet no Planejamento é mais que ministra: é protagonista de bastidor. É a senadora combativa que o Brasil conheceu na CPI da Covid, a presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça que encarou o Congresso com altivez, a presidenciável que por pouco não chegou ao segundo turno contra Lula e que, num gesto de pragmatismo, aceitou o convite para se tornar peça central no governo petista. Convite esse feito de maneira protocolar e inédita: Lula lhe enviou uma carta, comprometendo-se a incorporar ao seu programa de governo as propostas que Simone havia defendido na campanha. Se estava pronta para ser presidente do Brasil, por que não ministra de Estado?

Enquanto isso, na província sul-mato-grossense, Simone ainda carrega uma imagem paradoxal. Deu-se a ela a pecha de distante, de não ter “olho para o interior”, justamente porque não se limitou a agir como tantos colegas que, à frente de um mandato, se transformaram em meros caixeiros-viajantes de emendas parlamentares, essa mina inesgotável de corrupção nacional. Simone preferiu o macro ao varejo da política, enfrentando os grandes debates, lembrando o estilo de seu pai, Ramez Tebet, e sendo comparada a figuras históricas como Theotônio Vilela, Paulo Brossard, Pedro Simon e Ulysses Guimarães. Não era a senadora das verbas fáceis, mas a parlamentar das grandes causas. E isso incomodou o provincianismo.

Como prefeita de Três Lagoas ela deu os primeiros sinais a que viria. Foi exatamente ela quem conduziu o município ao status de capital mundial da celulose, quando o mundo descobriu a vocação daquela região para o eucalipto. Sob sua gestão, atraíram-se gigantes globais que hoje fazem do Vale da Celulose um dos polos industriais mais poderosos do planeta. No Planejamento, Simone atua como fiadora desse projeto: garante respaldo federal, desata nós logísticos, assegura estabilidade regulatória e projeta Mato Grosso do Sul para muito além da fronteira pantaneira.

Sua força, porém, não está apenas nos títulos ou nos feitos administrativos. Simone se distingue pela capacidade de operar nos bastidores. Não precisa de palanque nem de discursos inflamados para ser ouvida. Senta-se à mesa com Lula, Haddad, Rui Costa, Rui Falcão ou caciques do MDB e sai de lá com compromissos amarrados, garantindo a ponte entre Brasília e Campo Grande, entre o Planalto e o interior produtivo do MS. É essa habilidade silenciosa que lhe permite vislumbrar o estado como laboratório de infraestrutura: rota bioceânica, ferrovias, estradas estratégicas e segurança jurídica para grandes empreendimentos, ancorados no BNDES e em fundos federais.

É neste ponto que a política volta a se impor. Porque, ao mesmo tempo em que Simone executa no governo Lula, já se desenha a hipótese de um novo salto em 2026. Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, acenam com a possibilidade de filiação dela ao PSB e de uma candidatura majoritária em Mato Grosso do Sul. E aí vem a pergunta incômoda: por que não Simone? Se estava preparada para ser presidente, não estaria preparada para ser governadora de um estado que busca se livrar das amarras do coronelismo e experimentar a transversalidade governamental de Eduardo Riedel? E, na “pior” das hipóteses, por que não repetir no Senado a magistral atuação de seu primeiro mandato, ocupando com dignidade a cadeira que foi do pai?

A questão é que Simone Tebet carrega algo raro na política contemporânea: respeitabilidade nacional. Não é apenas uma ministra; é a engenheira silenciosa do futuro de Mato Grosso do Sul, que fala pouco e age muito, que costura sem alarde e que já se mostrou presidenciável. O Brasil a viu como terceira força em 2022, enquanto no estado ainda prevalece o bairrismo rasteiro. Mas o tempo se encarrega de corrigir injustiças. Por isso a pergunta ecoa de novo, e ainda mais forte: por que não Simone?

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