Morreu nesta terça-feira, aos 89 anos, o ator e diretor americano Robert Redford. A informação é do The New York Times. De acordo com o jornal, o anúncio foi feito em comunicado, pela agente do ator Cindi Berger, da empresa de relações públicas Rogers & Cowan PMK. Ela disse que ele morreu em sua casa nas montanhas de Provo, no estado de Utah, durante o sono, mas não especificou a causa da morte.
Nascido em Santa Monica, na Califórnia, Redford começou a carreira de ator em Nova York nos anos 1950, atuando em programas de TV e peças de teatro. Sua estreia no cinema aconteceu em 1960, no filme “Até os Fortes Vacilam”, que também marcou a estreia de Jane Fonda. Ao longo da carreira, ele atuou em mais de 70 produções, sendo a última uma rápida participação na série “Dark Wings”, numa cena em que joga xadrez com o escritor George R. R. Martin no início da terceira temporada.
Visto pelos estúdios de Hollywood como um sex symbol nos primeiros anos da carreira, o ator se tornou um dos preferidos de Hollywood entre anos 1960 e 1980. Como galã, destacou-se em “Descalços no Parque” com Fonda (1967), em “Nosso Amor de Ontem”, com Barbra Streisand (1973) e “Entre dois amores”, com Meryl Streep (1985). Outros grandes filmes de sua cinebiografia são “Butch Cassidy” (1969), “Três Dias do Condor” (1975) e “Todos os Homens do Presidente” (1976). “Golpe de mestre”, de 1973, foi o filme que lhe rendeu a única indicação ao Oscar de melhor ator, prêmio perdido para Jack Lemmon, de “Sonhos do passado”.
A consagração máxima de Hollywood veio somente em 1981, com o Oscar de melhor diretor pelo filme “Gente como a gente”. Foi seu primeiro trabalho como diretor, e o longa, inclusive, ganhou o prêmio de melhor filme naquele ano. Outro filme que ele dirigiu e teve excelente desempenho na temporada de premiação foi “Quiz Show – A Verdade dos Bastidores” (1994), indicado a quatro Oscar, incluindo melhor filme e melhor diretor.
Em 1981, Robert Redford deu o pontapé no que é considerado o “seu maior impacto cultural”. Ele fundou o Instituto Sundance, uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de dar espaço a criadores do cinema independente. Em 1984, assumiu o controle de um festival claudicante em Utah e o batizou de Festival de Sundance, até hoje uma referência no surgimento de novas vozes que orbitam fora do esquema de Hollywood. Foi lá, por exemplo, que Steven Soderbergh lançou o célebre “Sexo, Mentiras e Videotape”, em 1989. Outros cineastas como Quentin Tarantino, Darren Aronofsky, David O. Russell, Chloé Zhao e Ava DuVernay também tiveram suas obras badaladas no evento da cidade de Park City, no estado de Utah, onde Redford tinha um rancho e vivia, atualmente, recolhido.
O impacto de Redford e Sundance no cinema também cruzou as fronteiras dos Estados Unidos. Produções internacionais sempre tiveram espaço na programação do evento, além do apoio a roteiristas e realizadores através de ações do Instituto Sundance. Clássico de Walter Salles, “Central do Brasil” (1998) participou de laboratório de roteiro na entidade. Anos depois, Redford atuou como produtor executivo de “Diários de motocicleta” (2004), também de Salles.
Em 2002, Robert Redford recebeu um Oscar honorário pelo trabalho como ator, diretor e incentivador do cinema independente. Na ocasião, ele recebeu a estatueta das mãos da amiga Barbra Streisand. “Ele é sempre interessante, sempre interessado. Ele é muito esperto, muito privado. É confiante, mas tímido. O trabalho de Robert Redford como ator, diretor ou produtor sempre o representaram como é de verdade: o intelectual, o artista, o caubói. Ele tem uma paixão por contar histórias que refletem a força e a vulnerabilidade do espírito americano. Seu impacto na indústria cinematográfica é imensurável”, disse a atriz e cantora.
