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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Azambuja, o fio de bigode e o punhal verde-amarelo

Ex-governador aposta no bolsonarismo órfão — risco de herdar a seita ou afundar no mesmo pântano do mito

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Os bastidores políticos vão ferver neste fim de semana com a filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja ao PL, partido que já foi do mito e hoje não passa de relicário de um presidiário em decadência. O curioso é que a decisão de Azambuja não nasceu de ontem. Quando empenhou a palavra, Bolsonaro ainda não estava indo para detrás das grades. Mas, como é da fazendeirama de tempos em que o fio de bigode valia mais que cartório, resolveu seguir adiante, mesmo tendo pela frente a que pode ser a mais arriscada de suas batalhas: a disputa por uma cadeira no Senado, em que o voto é majoritário e o candidato fica mais exposto ao humor do eleitorado.

Acontece que o cenário mudou, e mudou feio. O PL já não é abrigo de esperanças, mas bunker de sobreviventes de um bolsonarismo órfão. Some-se a isso a aprovação da PEC da blindagem — ou melhor, da bandidagem — que dá salvo-conduto a caciques como Valdemar Costa Neto (PL) e Tonho Rueda (União Brasil), sem mandatos eletivos, mas sob o manto protetor dos cargos partidários, e se tem o retrato do momento: o velho Brasil de sempre, onde a impunidade se reinventa em letras constitucionais.

Os aliados querem saber qual será o tom da fala de Azambuja. Para ser batizado de fato no novo partido, não basta discurso de compadrio; será preciso incorporar o mantra do bolsonarismo e apontar a adaga contra o Supremo, mirando de preferência na careca de Xandão, que acaba de condenar o ex-messias a mais de 27 anos de prisão. Espera-se dele não apenas a filiação, mas a liturgia da seita: punhal verde e amarelo à cintura, gestos duros, frases de efeito.

Nesse palco, paira outra expectativa: Eduardo Riedel, agora confortavelmente instalado no PP de Tereza Cristina, vai prestigiar o chefe? E, se aparecer, terá o mesmo ímpeto de quando, ainda tucano, pulou do muro para apoiar Marçal Filho contra Alan Guedes? Cada gesto pesa, e um simples aperto de mão pode ser interpretado como pacto de fidelidade ou traição antecipada.

E ainda há o “gordinho do Bolsonaro”, fiel escudeiro do capitão. Vai representar o chefe encarcerado na festa do coronel Azambuja? Se for, chegará de mãos dadas com a esposa e vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira? É que ela já estaria, a essa altura do campeonato, preparando as tralhas para o acampamento diante da Papuda, onde ficaria em orações até que lhe chegue o milagre da eleição, também para o Senado.

Entre o fio de bigode empenhado e o punhal verde-amarelo, Azambuja entra num ritual de alto risco. Pode se consolidar como herdeiro do bolsonarismo órfão no Mato Grosso do Sul ou acabar tragado pelo mesmo pântano que engoliu o mito. Seja qual for o desfecho, a filiação promete mais barulho que serenata de sapo em noite de brejo cheio.

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