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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Brasil barra EUA de reunião sobre democracia em Nova York, às margens da Assembleia da ONU

Segundo governo brasileiro, 'não tinha condições' de convidar um país que teve uma virada extremista e questiona as eleições brasileiras

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O Brasil barrou os Estados Unidos da reunião “Democracia Sempre” realizada às margens da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, na semana que vem. Os EUA foram convidados para a reunião do ano passado, idealizada por Brasil e Espanha. Neste ano, no entanto, os americanos não estão entre os cerca de 30 convidados –entre eles, os organizadores Uruguai, Colômbia e Chile, além de Espanha e Brasil— e nações como Alemanha, Canadá, França, México, Noruega, Quênia, Senegal, Timor Leste. Também deve ser chamado um representante da União Europeia, António Guterres, secretário-geral da ONU.

Segundo um funcionário do governo brasileiro, apenas países que são democráticos são chamados ao encontro, e não existem condições de convidar um país que teve uma virada extremista e cujo governo está questionando a democracia e as eleições brasileiras.

A cúpula tem como temas principais democracia, combate à desigualdade e à desinformação. O presidente Lula participou de uma reunião do Democracia Sempre no Chile, em julho. Na conclusão do encontro, os líderes divulgaram um comunicado reafirmando seu compromisso “com a defesa da democracia, o multilateralismo, e o trabalho conjunto para abordar as causas estruturais que solapam as instituições democráticas, seus valores e legitimidade”.

A primeira edição, no ano passado, organizada por Lula e pelo líder espanhol, Pedro Sánchez, foi chamada de “Em defesa da democracia, combatendo o extremismo”. Os EUA, na época governados pelo democrata Joe Biden, enviaram um funcionário de segundo escalão do Departamento de Estado, equivalente ao Itamaraty, para participar.

Sánchez propôs que o encontro fosse o primeiro do tipo para coordenar uma resposta a um fenômeno global reacionário contra a democracia. Ele apontou três fatores que reduzem a confiança da população na democracia: a desigualdade, a desinformação e a propagação do discurso de ódio. .

Um dos primeiros atos do governo Trump foi uma ordem executiva, espécie de decreto, proibindo o combate à desinformação, que o americano classifica de censura. Apesar de criticar o combate a discurso de ódio durante o governo democrata, Trump agora pressiona para que personalidades que criticaram Charlie Kirk, assassinado na semana passada, sejam demitidas. O mais recente exemplo foi Jimmy Kimmel, âncora de um programa na ABC suspenso após comentário sobre o assassino de Kirk.

Em nota enviada junto com o convite para os países participarem da primeira edição do Democracia Sempre, Lula e Sánchez citavam os ataques antidemocráticos de 8 de Janeiro em Brasília e a invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, como símbolos de “movimentos violentos com elementos comuns, como a rejeição da alternância democrática e da diversidade, além da exaltação de uma forma exclusiva de identidade nacional”. No primeiro dia de seu segundo mandato, Trump concedeu perdão a 1500 condenados pelos atos do 6 de janeiro.

Outro tema da cúpula é a regulação das Big Tech. De novo, um tópico que está sob ataque no governo Trump. O presidente americano se opõe à regulação de plataformas de internet e ameaça impor tarifas a blocos como a União Europeia, que baixou legislação que obriga as Big Tech a moderarem conteúdo online e já multou algumas empresas americanas.

Patrícia Campos Mello e Julia Chaib/Folha de S.Paulo

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