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sábado, dezembro 6, 2025

Zeca, a publicidade e a Justiça, sempre tardia

Justiça tardia não é justiça: é publicidade enganosa com selo do Judiciário

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Dezoito anos. Esse foi o tempo que o ex-governador e hoje deputado estadual Zeca do PT esperou para falar, em alto e bom som, na tribuna da Assembleia Legislativa, que a Justiça lhe deu razão. O Supremo Tribunal Federal rejeitou o último recurso do Governo do Estado e manteve a indenização por danos morais, reconhecendo a “má conduta” de promotores que, em 2005, deram ampla divulgação às denúncias que ficaram conhecidas como “a farra da publicidade”.

Na época, o Ministério Público acusou o governo Zeca de desviar R$ 130 milhões em contratos com agências de publicidade. Foram dezenas de ações, manchetes escandalosas, carimbos de improbidade e peculato. O resultado: a imagem do governador destroçada, a família exposta e uma biografia política manchada.

O tempo, esse carrasco invisível, encarregou-se de desmontar peça por peça. Todas as ações foram julgadas improcedentes — menos uma, que chegou a ser considerada procedente pelo Tribunal de Justiça e tornou Zeca inelegível. Em 2022, essa mesma ação foi suspensa, e os direitos políticos recuperados. O ex-governador voltou ao jogo, foi candidato e hoje ocupa cadeira na Alems.

Agora, 18 anos depois, a Justiça reconhece: os promotores erraram ao expor o caso como se fosse sentença definitiva, antes mesmo da análise judicial. O valor da reparação, de R$ 50 mil corrigidos, pode chegar a meio milhão de reais. Para Zeca, “um dia de comemoração”. Para a sociedade, a lembrança amarga de um Judiciário que demora tanto a decidir que o estrago já não tem mais como ser reparado.

E é aqui que o caso da “farra da publicidade” transcende a biografia de Zeca do PT. Ele expõe a ferida aberta de um sistema em que a lentidão da Justiça se converte em impunidade para uns e em pena sem sentença para outros. O processo demora quase duas décadas, mas o prejuízo é imediato: reputações destruídas, famílias expostas, vidas atravessadas pelo estigma da suspeita.

Zeca promete três movimentos: receber a indenização; exigir que os promotores ressarçam os cofres públicos; e pedir o afastamento dos envolvidos. Pode até conseguir. Mas nenhum cálculo financeiro devolverá o que foi perdido nesses 18 anos. A sentença chega tarde demais para as vítimas — e cedo demais para o esquecimento que costuma absolver os culpados de toga.

No fim, a farra maior não foi da publicidade, mas do tempo.

Contraponto/MS

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