Por tudo que se tem falado ultimamente de Reinaldo Azambuja — e não foi pouco, principalmente aqui no ContrapontoMS —, o coronel de Maracaju já teria cadeira cativa no Senado, como se o eleitorado fosse apenas um detalhe burocrático a ser resolvido em 2026. Nesse cenário, o presidente da Assembleia, Gerson Claro, resolveu investir pesado. Além de percorrer o Estado costurando alianças e buscando visibilidade, dizem que também tem dobrado os joelhos em cima de grãos de milho, em rezas silenciosas, para conquistar a graça divina de ser ungido como o “santinho” a aparecer ao lado de Azambuja, na propaganda de reeleição do governador Eduardo Riedel. Um gesto de fé digno de penitente medieval, só que com as bênçãos de marqueteiros modernos.
O resumo da ópera é simples: quem aparecer na foto ao lado de Riedel terá maiores chances de reservar assento no plenário azul do Congresso Nacional. O problema é que o mesmo Azambuja, considerado “puxador de votos”, está enroscado até o pescoço com a Justiça. Basta lembrar de seu novo companheiro de palanque, Edson Girotto: foi gritar “mito” e o processo dele disparou em primeira instância até virar condenação. Já o capivara de Azambuja cochila no STJ, mas ninguém garante que continue assim.
Enquanto isso, a lista de pretendentes não é pequena. Nelsinho Trad, o caixeiro-viajante das emendas, sonha ser o “santinho” número dois de Riedel — mesmo convivendo com os pesadelos de processos por calotes ou pelo imbróglio do GISA. Barbosinha, atual vice de Riedel, tenta se segurar na cadeira que o próprio Gerson Claro também namora em paralelo, mas se o presidente da Assembleia tiver carta maior que a sua, pode muito bem tirar da prancheta o projeto de se tornar o tão sonhado senador da Grande Dourados. E, para esquentar ainda mais a disputa, surge Simone Tebet, com o aval de Lula e a possibilidade de migrar para o PSB de Alckmin.
Mesmo que Simone Tebet venha como candidata de Lula ao Senado, o pragmatismo que a acompanha promete uma confusão danada no proscênio riedel-azambujista. É que seu marido, Eduardo Rocha, chefe da Casa Civil do governo do Estado e pré-candidato a deputado estadual, é filiado ao MDB de André Puccinelli. A encrenca é de difícil cálculo. Cabe, aqui, uma ponderação aos sul-mato-grossenses com complexo de vira-latas: Simone Tebet, ex-prefeita de Três Lagoas — em cuja administração se iniciou o processo de industrialização do Bolsão —, deputada estadual, vice-governadora, brilhante senadora (primeira mulher a presidir a poderosa CCJ do Senado) e terceira colocada na última eleição presidencial, é hoje um nome exponencial da política nacional. É impossível excluir seu peso eleitoral em qualquer cenário que envolva Mato Grosso do Sul.
No fim das contas, tudo pode mudar. Mas uma cena já está gravada na memória política: o poderoso presidente da Assembleia, Gerson Claro, de terno alinhado e joelhos marcados pelo milho, sonhando em 2026 estampar o santinho de Eduardo Riedel, como alternativa para o segundo voto ao Senado. Afinal, a briga pelo primeiro parece mesmo destinada a ficar entre o coronel maracajuense e a estrela ascendente da política nacional, a três-lagoense Simone Tebet.
