Com o prazo batendo à porta, o governador Eduardo Riedel e a bancada federal de Mato Grosso do Sul apertaram o passo nesta segunda-feira (3), em Campo Grande, para definir quais obras terão fôlego garantido nas emendas parlamentares de 2026. A reunião, realizada no Centro Administrativo, reuniu secretários de Estado, deputados, senadores e a prefeita Adriane Lopes, num esforço conjunto para amarrar prioridades e fechar o mapa de investimentos.
O encontro marcou o início de uma corrida contra o tempo. Até o fim de novembro, governo e bancada devem chegar a um consenso sobre o destino das emendas coletivas, recurso essencial para manter obras em andamento e garantir novos projetos de infraestrutura, saúde e logística. O secretário de Governo, Rodrigo Perez, resumiu o espírito da conversa: “Foi uma reunião importante, de diálogo e harmonia, com foco em resultados que realmente melhorem a vida das pessoas.” O governador apresentou a carteira de prioridades do Estado, enquanto os parlamentares pediram clareza sobre quais empreendimentos demandam reforço imediato de recursos.
O coordenador da bancada federal, deputado Dagoberto Nogueira, defendeu que as emendas coletivas sejam usadas apenas para grandes obras estruturais, evitando a pulverização dos valores em projetos menores. “As emendas de bancada têm que financiar obras estruturais, não podem ser individualizadas. Hoje temos três obrigatórias — o contorno de Três Lagoas, a BR-262 e a BR-419 — e precisamos garantir a continuidade delas até o final”, afirmou. A fala foi recebida com concordância pela maioria dos presentes, num raro momento de unidade entre governo e bancada.
A carteira de prioridades apresentadas inclui, além das rodovias federais e do contorno viário de Três Lagoas, projetos estratégicos nas áreas de saúde e infraestrutura urbana. Os secretários Guilherme Alcântara (Seilog), Maurício Simões (SES) e Walter Carneiro (Casa Civil) participaram da exposição técnica que detalhou o estágio de execução das obras e as necessidades de financiamento para 2026. O objetivo é “blindar” os empreendimentos já iniciados, evitando que a falta de recursos interrompa o ritmo das frentes de trabalho espalhadas pelo Estado.
Mas, em meio à harmonia aparente, há também uma disputa silenciosa por espaço no orçamento. Prefeitos do interior e a própria prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, levaram suas demandas à mesa, tentando assegurar fatias do bolo para obras locais. Dagoberto reconheceu a pressão e sinalizou disposição para ouvir as prefeituras: “Essa reunião foi para ouvir o que o governador espera da bancada, mas também o que as cidades consideram prioritário.” O equilíbrio entre as obras estruturantes e as demandas regionais promete ser o ponto mais delicado das próximas rodadas de negociação.
O cronômetro segue correndo. “Vamos fazer mais duas ou três reuniões para definir tudo em dez dias”, adiantou o coordenador da bancada. A pressa tem justificativa: quanto mais rápido o consenso, maior a chance de garantir a inclusão dos projetos no orçamento federal antes do recesso parlamentar. Na prática, cada semana conta — e a definição das emendas pode ser o divisor entre obras paradas e canteiros em andamento.
Além de Riedel e do secretariado, participaram da reunião a senadora Tereza Cristina e os deputados Camila Jara, Geraldo Resende, Rodolfo Nogueira, Luís Ovando e um representante de Vander Loubet, além de Waldemir Moka, que atua no Escritório de Relações Institucionais e Políticas do Estado em Brasília. O tom do encontro foi descrito como “propositivo e técnico”, mas nos bastidores já se percebe o jogo de pressões que tradicionalmente antecede o fechamento das emendas.
Ao fim, prevaleceu o discurso de parceria e de foco em resultados, mas também a consciência de que o relógio não para. O desafio agora é transformar discurso em ação, planilha em asfalto, promessa em entrega. Porque, como diria a saracura, com o faro aguçado para o tempo da política: “Emenda boa é a que vira obra. E obra boa é a que atravessa governo e calendário.”
ContrapontoMS, com informações da SECOM-MS