O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou o Plano Nacional de Cultura ao Congresso nesta segunda-feira (17), e afirmou querer uma “guerrilha democrática cultural” a partir de agora, em cerimônia com ministros e forte presença de membros da sociedade civil.
“Hoje é um dia especial porque é a realização de um sonho que eu tenho há muito tempo de transformar a cultura num movimento efetivamente de base, uma coisa popular. Para que a gente, em vez de ter aquelas redomas, em que tudo funciona certinho, a gente tem que ter uma espécie de guerrilha democrática cultural nesse país”, afirmou.
Ainda em seu discurso, Lula disse ser uma “metamorfose ambulante” política e ideologicamente. “As pessoas me perguntam o que sou ideologicamente, politicamente e eu digo ‘eu sou metamorfose ambulante’. Eu não sei das coisas, eu quero saber. Pelo fato de eu não saber tudo, é muito fácil eu aceitar as coisas que os outros sabem e eu não sei.”
O plano é um conjunto de diretrizes que devem nortear os trabalhos do Ministério da Cultura até 2035. Ele prevê a atuação de agentes culturais, integrantes dos comitês de cultura voltados a monitoramento de demandas e ações da área.
Em seu discurso, o presidente voltou suas orientações em mais de um momento a parlamentares, bem como aos agentes culturais e com recados a governos anteriores.
“Aí é que está a arte de bem governar. É aceitar que a sociedade diga o que é bom fazer que o governo não sabe fazer e o que o governo não pode fazer. E o que nós estamos fazendo hoje, mandando esta lei para o Congresso Nacional, é dizendo para o meu líder no Senado, Jaques Wagner, que a partir de amanhã vocês terão que transformar definitivamente a nossa política no país para que nenhum partido que seja, de qualquer matriz ideológica que seja, possa um dia outra vez achar que pode proibir a cultura desse país.”
Com forte participação da sociedade civil na cerimônia realizada no Palácio do Planalto, os discursos da ministra da Cultura Margareth Menezes e do secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares, foram ovacionados.
Também participaram da cerimônia, que teve baixa participação de parlamentares, a primeira-dama, Janja, e os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais, e Luciana Santos, da pasta de Ciência e Tecnologia.
Lula falou ainda da ideia de fazer um convênio com países africanos para compartilhar conhecimentos relativos à agricultura, e citou “dívida” com a população do continente africano.
“E isso não depende de lei, depende de atitudes. Então estou convocando vocês para serem mais do que agentes culturais dos comitês de cultura. Vocês têm que ser a base da conscientização, da politização de uma nova sociedade que precisamos criar para romper definitivamente com o negacionismo, com o fascismo”, disse.
Mariana Brasil/Folha de S.Paulo
