O banqueiro Daniel Bueno Vorcaro, de 42 anos, dono do Banco Master, que foi preso pela Polícia Federal na noite de segunda-feira (17) ao tentar embarcar em um avião particular (avaliado em R$ 80 milhões) para o exterior no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, se notabilizou no mercado financeiro por sua gestão e investimentos de alto risco. Seu banco atraía recursos oferecendo Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remuneração acima da praticada no mercado.
Apontado como uma espécie de “outsider” no mercado de investimentos da Faria Lima, ele também é conhecido por levar e divulgar a uma vida de ostentação, seguindo um perfil contrário ao de banqueiros tradicionais, que tendem a ser mais discretos. Recentemente, por exemplo, Vorcaro viralizou nas redes sociais por organizar uma festa de debutante para sua filha com presença do DJ Alok e que teria custado R$ 15 milhões.
No ramo imobiliário, o banqueiro ora preso, que é também é cotista do fundo dono do imóvel que abriga o hotel Fasano no Itaim, em São Paulo, comprou uma das casas mais caras do país, em Trancoso, no litoral Sul da Bahia, e teria pago por ela cerca de R$ 280 milhões. Ele também injetou R$ 200 milhões no seu time de futebol, o Clube Atlético Mineiro, do qual se tornou acionista, segundo reportagem da revista Piauí.
Ele é dono de 20,2% da SAF do time mineiro, por meio do Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (FIP). A origem do dinheiro é investigada por possível conexão com o PCC.
A família Vorcaro tem forte presença no setor de construção. O pai do banqueiro, Henrique Vorcaro, fundou a Multipar. Ainda assim, Daniel Vorcaro sempre gostou de enfatizar que não faz parte da nata mineira, embora tenha estudado na Fundação Torino, um colégio de elite. Seus avós eram funcionários públicos, sem grandes posses.
O jovem chegou a ganhar uma bolsa de estudos para fazer faculdade na Itália, mas preferiu cursar economia no Ibmec de Belo Horizonte, onde fez também um MBA em Finanças. Tocava violão e gostava de praticar esportes.
A entrada de Daniel Vorcaro no setor bancário veio em 2016, segundo o Valor Econômico, quando o Banco Máxima, de Saul Sabbá, enfrentava dificuldades e foi oferecido a ele, com quem já fazia negócios em fundos imobiliários. No ano seguinte, assumiu o controle da instituição.
Em 2021, Vorcaro trocou o nome do banco para Master e, ao longo dos anos seguintes, fez uma série de aportes bilionários nele. Também fez uma série de aquisições, como a seguradora Kver, o banco Voiter (antigo Indusval), Vipal, Banif Brasil e o banco digiral Will Bank.
Este último foi adquirido em 2024, quando tinha mais de 6 milhões de clientes, especialmente no Nordeste do Brasil. A estratégia do Master era ampliar a base de clientes no país.
Nos últimos meses, porém, quando a crise no Master se tornou evidente, Vorcaro começou a se desfazer de alguns ativos do grupo. Está procurando no momento um comprador para o Will Bank, operação que era vista como essencial para equilibrar a situação do Master, pelo potencial do valor da compra.
O banco BTG comprou a fatia em vários ativos do grupo. Passou a controlar a Veste, dona de marcas de moda como Le Lis Blanc, John John e Dudalina em agosto passado.
Também em agosto, o BTG elevou de 19,99% para 47,5% sua participação na Metalfrio, empresa brasileira que é uma das líderes globais na fabricação de geladeiras comerciais. O aumento de participação ocorreu por meio da venda da fatia detida por Daniel Vorcaro na empresa, apurou a coluna Capital na época.
Após se divorciar da primeira esposa, o banqueiro passou a namorar a influencer Martha Graeff. Desde então, suas fotos curtindo o verão europeu, mesmo com seu banco já em dificuldades e tendo pegado um empréstimo emergencial de quase R$ 4 bilhões com o FGC, não pegaram bem aos olhos públicos.
Na seara política, o banqueiro detido pela PF em Guarulhos mantém ligações pessoais com o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, e com o presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O GLOBO