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sexta-feira, dezembro 5, 2025

O tiro no pé do Gordinho do Bolsonaro

Rodolfo Nogueira reaparece nas redes com a precisão discursiva de um tatu zonzo, esquecendo que o único “chefe de facção preso” que se encaixa na fala dele é justamente aquele cuja tornozeleira ele mesmo ajuda a zelar

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O deputado Rodolfo Nogueira, o gordinho do Bolsonaro, acordou nesta quarta-feira com uma espécie rara de coragem política — daquela que só aparece quando a pessoa dorme sem oxigênio no cérebro. Foi ao Instagram, cheio de marra, anunciar que “preso não vota mais no Brasil, cadeia para chefe de facção”, como se estivesse lançando um raio de luz moral sobre o país. Que fofura. Se ignorância tivesse fragrância, o vídeo dele vinha com cheiro de pinho sol vencido.

O detalhe, aquele pequeno detalhe que escapa a pessoas com excesso de volume e escassez de reflexão, é que o único líder que se encaixa perfeitamente na descrição que ele inventou é justamente o chefe dele, condenado a 27 anos e 3 meses pelo STF, preso em casa com tornozeleira, e com a Papuda apontando no horizonte com a delicadeza de uma placa de “Bem-vindo ao seu novo CEP”. Ou seja: Rodolfo preparou uma armadilha e caiu nela antes de terminar a frase.

A cena é tão tragicômica que deveria ter trilha de circo. O deputado fala com o entusiasmo de quem nunca percebeu que está denunciando exatamente o próprio grupo. É como se estivesse descrevendo o mito com a precisão de um retrato falado — só faltou projetar a foto no fundo.

E como se não bastasse a língua solta, os bastidores políticos de Dourados ainda lembram aquele episódio no banheiro do Sindicato Rural, comentado por toda esquina durante semanas, envolvendo o genro do deputado Zé Teixeira, Cacá Guaritá. Segundo os relatos que circularam, Rodolfo teria recebido uns “ajustes manuais de comunicação” por falar demais. O folclore político adora essa história. E, convenhamos, ela se repete com uma fidelidade comovente: toda vez que Rodolfo abre a boca, os sopapos de Cacá reverberam em seus tímpanos.

Mas o vídeo de hoje tem o sabor particular do desespero marinado em pânico eleitoral. Com o chefe condenado, a candidatura da esposa, Giani Nogueira, ao Senado virou poeira cósmica. Sumiu antes mesmo de existir. Derreteu igual manteiga esquecida no capô de uma caminhonete em Dourados ao meio-dia.

E o enterro político da candidatura foi conduzido pelo próprio PL, quando Waldemar Costa Neto avisou, de topete novo, que quem vai acompanhar Azambuja na chapa do PL é o Capitão Contar. Resultado: a família Nogueira foi excluída com a elegância de um carrinho de supermercado batendo na canela.

O mais engraçado é que o gordinho indignado do vídeo é o mesmo que se orgulha de agir como uma espécie de “guardião de tornozeleira” do chefe. O mesmo posa como sentinela moral, como monitor emocional do condenado. Agora, vendo o mito escorregar da sala de estar para o presídio como quem desce num escorregador mal lubrificado, Rodolfo perdeu o prumo.

O vídeo dele é mais que uma gafe: é uma confissão involuntária, um aceno ao caos interno, um grito desesperado de quem percebeu que o futuro político do clã caberá inteiro no banco de trás do fusquinha 69 do dr. Alceu do Cartório do primeiro ofício. E ainda assim, ele sorri. Ele grava. Ele posta. Ele amplia a própria vergonha com a dedicação de um influenciador fitness gravando receita de shake.

Rodolfo quis posar de moralizador, de justiceiro, de fiscal do bem. Mas entregou, mais uma vez, o que sempre entrega: munição para os outros, vergonha para si mesmo e gargalhadas para o resto do Brasil. Seu vídeo é a prova definitiva de que, no bolsonarismo, a língua corre solta e a inteligência corre risco.

Se continuar assim, o próximo story dele será gravado abraçado a um bode, dizendo que foi mal interpretado. E sinceramente? Nem assim melhora.

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