O Projeto Sucuriú, megainvestimento da Arauco no município de Inocência (MS), está mobilizando uma das maiores operações logísticas já realizadas no Brasil. A construção da nova fábrica, que será a maior produtora de celulose do mundo quando entrar em operação, demandará o transporte de cerca de 60 mil carretas ao longo de todo o cronograma da obra, um número sem precedentes para um único empreendimento industrial no país. Com mais de R$ 25 bilhões em investimentos, o projeto é considerado o maior da história do Mato Grosso do Sul e terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, com previsão de início das operações no final de 2027. Durante a construção, mais de 14 mil empregos serão gerados e, após a conclusão, cerca de 6 mil postos diretos e indiretos serão mantidos nas áreas industrial, florestal e logística.
A logística do empreendimento é coordenada pela Valmet, empresa responsável pelos equipamentos e tecnologias da planta, e envolve uma cadeia global que abrange 18 países em três continentes, como China, Finlândia, Alemanha, Índia, Japão, Estados Unidos e Vietnã. A distribuição das cargas pelo modal marítimo será feita principalmente pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). O porto paulista receberá cargas específicas, como o gigantesco “balão da caldeira”, enquanto Paranaguá concentrará a maior parte dos equipamentos especializados. A partir daí, as carretas seguem pelas rodovias federais e estaduais do país até Inocência, em transportes que exigem escoltas, intervenções estruturais e planejamento detalhado devido ao tamanho e peso das cargas.

Só na fase inicial da obra, mais de 4 mil veículos já estão envolvidos no transporte, número que deve chegar a 12 mil carretas até junho do próximo ano. Ao final da execução, serão mais de 60 mil carretas realizando o trajeto entre os portos, fornecedores e o canteiro de obras. Entre as peças superdimensionadas que chamam atenção está o “balão da caldeira”, com 28 metros de comprimento, seção de 3 por 3 metros e peso de 318 toneladas — ultrapassando 500 toneladas no conjunto transportado. Cada movimentação dessa magnitude exige análises estruturais de pontes, remoção de sinalização, desvios temporários e forte apoio institucional.
O volume total de materiais movimentados reflete a grandiosidade do empreendimento: são cerca de 20 mil toneladas de estruturas metálicas (25% já entregues), 6 mil toneladas de tanques industriais (com metade já recebida) e outras 6 mil toneladas de tubulações, das quais mil toneladas já chegaram ao canteiro. Além disso, a previsão inclui cerca de 3 mil contêineres e 1.100 cargas break-bulk. O pico de entregas deve ocorrer entre janeiro e maio do próximo ano, com uma média de 400 cargas por mês. Para garantir a segurança de toda a operação, há ações coordenadas com a Polícia Rodoviária Federal, DNIT, concessionárias de rodovias e prefeituras, envolvendo escoltas, reforço de pontes, ajustes temporários na infraestrutura e controle de tráfego.
A logística também adota práticas sustentáveis para reduzir impactos ambientais. As frotas utilizadas contam com motores Euro 6, menos poluentes; parte dos caminhões tem painéis solares que diminuem o tempo com motor ligado; e operadores especializados em transporte de baixo impacto ambiental foram contratados para a operação.
Com essa mobilização monumental, o Projeto Sucuriú coloca Inocência definitivamente no mapa global da celulose, impulsiona a economia regional e reforça o papel do Brasil como líder mundial no setor. A travessia das estruturas gigantes por estradas, pontes e portos do país revela não apenas a dimensão do empreendimento, mas também a engenharia sofisticada e o grau de coordenação necessários para viabilizar a maior fábrica de celulose do planeta.
Com Ricardo Ojeda, do PERFIL NEWS
