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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Dill do povo e o legado funerário do ano

Vereador vira protagonista ao propor reforma de banheiro de cemitério — e já pode preparar pose e epitáfio para a foto inaugural de um sugerido novo cemitério

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O mais legítimo representante — e candidato assumido — a sucessor do fenômeno Ari Artuzi, o vereador Dill do Povo vem fazendo das tripas coração para tentar chegar aos tornozelos, que seja, do ídolo sepultado em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. Dill é desses que exibem “checões” de emendas parlamentares como quem ostenta malote de dinheiro vivo, esperando que a população confunda papel timbrado com cofre cheio. Seu maior desafio, por ora, é superar nas redes sociais sua colega de bancada Cavala, campeã da autopropaganda instantânea.

Problema sério, numa cidade onde o prefeito Marçal Filho, craque histórico do microfone, faz nas redes o que nenhum outro político — municipal, estadual ou federal — tem conseguido fazer. Inclui-se aí, além da fenomenal Isa Cavala Marcondes o um dia famoso “bichão do MS”. Aliás, a deputada Lia Nogueira anda mais para bichinho de estimação de Reinaldo Azambuja ou de seu poderoso colega de bancada, o deputado Zé Teixeira. Não por acaso, no evento da Picadinha, um orador desavisado citou a presença de “Lia Teixeira”. A deputada, num surto psicanalítico digno de Freud, reagiu com ironia inesperada: “Então agora sou também filha do seu Zé”. Pois é. Cada um tem sua árvore genealógica involuntária.

Mas voltemos a Dill do Povo, estrela do dia, depois que um release do Jaguaribe estampou ontem manchete sobre seu mais recente grande feito: No melhor estilo Odorico Paraguassu, o prefeito da lendária Sucupira, apresentou um requerimento sugerindo à prefeitura a recuperação dos banheiros do cemitério Santo Antônio de Pádua. Ato de bravura, convenhamos.

Insubordinado e atento à memória douradense, não resisti, rebobinei a fita até 1973, quando o então prefeito Jorge Antônio Salomão entrou para a história por ato semelhante — não reformou o banheiro, mas reconstruiu o muro do mesmo cemitério. É tradição: sempre cabe a um político local o legado funerário do ano.

E já que estamos em espírito odoriquiano, ofereço humildemente ao nobre representante da região do Canaã I uma sugestão suplementar, sem cobrar honorários nem mandar chave pix: por que não outro requerimento, já que lembramos de Odorico Paraguassu, propondo a “construção” de um novo cemitério público? Afinal, o Santo Antônio de Pádua e seu vizinho de muro já estão mais lotados que repartição pública às 11h de segunda-feira.

Mas atenção, Dill: ao apresentar a propositura ao prefeito Marçal Filho, deixe consignado — para evitar a repetição da tragédia cômica de Sucupira — que não se deve esperar a morte de nenhum figurão da cidade para inaugurar o novo campo santo. Nada disso. Pode até inaugurar com um incógnito indigente, desde que com dignidade e protocolo, bastando a certidão de óbito confirmando ser o primeiro morto após o corte da fita inaugural.

E já aproveita para amarrar no documento, sem modéstia e sem rodeios, que o autor da indicação — no caso, sua excelência, o ilustre edil, Dill — terá primazia de segurar a tesoura ao lado do prefeito, garantindo o registro histórico da inauguração e, claro, a foto perfeita para postar nas redes.

E se Aparecido Frota e/ou Franciele Grott capricharem na foto, Dill, o ContrapontoMS sugere desde já uma frase para usar tanto no post quanto no futuro epitáfio político:
“Aqui jaz o autor da obra que começou com um banheiro — e terminou comigo.”

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