A reunião do governador Eduardo Riedel com todo o secretariado e presidentes de autarquias, nesta quarta-feira (17), vai muito além de um ritual administrativo de fim de ano. Em ano pré-eleitoral, encontros dessa natureza cumprem um papel político claro: fazer balanço, ajustar discurso e, principalmente, mostrar que o governo sabe exatamente o que entregou, o que prometeu e o que ainda precisa entregar. Em outras palavras, é o momento do velho — e cada vez mais raro — fio de bigode na política, adotado por Riedel.
O governador sabe que 2026 não será apenas mais um ano de trabalho. Será ano de eleição, de cobrança, de comparação e de narrativa. E, nesse ponto, o governo estadual chega a 2026 com algo que poucos conseguem ostentar: números, entregas e coerência entre plano de governo e execução. Não por acaso, o governador figura hoje entre os mais bem avaliados do país, segundo levantamentos de vários Institutos. Avaliação que não nasce do acaso, mas de uma gestão que optou por menos pirotecnia e mais resultado.
O balanço apresentado na reunião secretarial escancara essa lógica. Educação profissional ampliada, com quase metade dos alunos do ensino médio da rede estadual em cursos técnicos; escolas equipadas com robótica e ampla cobertura de reformas. Na saúde, a consolidação de um modelo ousado de PPP no Hospital Regional de Campo Grande e, agora, a entrega do Hospital Regional de Dourados — uma obra aguardada há décadas pela segunda maior cidade do Estado. Some-se a isso a maior cobertura vacinal do Brasil, um dado que fala por si.
Na segurança pública, a redução consistente dos índices de criminalidade dialoga com um conceito que o governo vem martelando desde o início do mandato: transversalidade. Não se trata apenas de polícia na rua, mas de políticas integradas — da proteção às mulheres, com Salas Lilás e o Promuse (Programa Mulher Segura MS), à presença do Corpo de Bombeiros no Pantanal, passando por ações de cidadania. É o Estado atuando em rede, não em caixinhas.

A infraestrutura segue sendo outro pilar visível. A ampliação da malha rodoviária, com foco no escoamento da produção e na segurança viária, e o programa MS Ativo, que pactuou obras urbanas nas 79 cidades, reforçam o caráter municipalista da gestão. Não é pouca coisa falar em quase R$ 2 bilhões em investimentos urbanos, especialmente em um país onde muitos governos estaduais ainda tratam prefeitos como coadjuvantes.
Na economia, o discurso encontra respaldo na realidade. O ambiente de negócios favorável atraiu investimentos privados bilionários, diversificou a matriz econômica e gerou empregos. A concessão da Rota da Celulose, por exemplo, não é apenas um projeto logístico: é uma aposta estratégica numa região que se transforma rapidamente e exige infraestrutura à altura.
Na área social, a redução da pobreza extrema, com busca ativa e manutenção de programas, mostra que o slogan “não deixar ninguém para trás” não ficou restrito à propaganda. E até a cultura, muitas vezes relegada a segundo plano, entrou no pacote: festivais repaginados, inclusão, sustentabilidade, sucesso de público e uma Bienal do Livro que recolocou o Estado no mapa cultural.
Tudo isso ajuda a explicar os números finais do contrato de gestão: 299 projetos, 539 entregas e 88% das metas cumpridas em 2025. Mais impressionante ainda é o dado acumulado desde 2023: 97% das ações previstas no plano de governo já concluídas. Em tempos de promessas inflacionadas e mandatos erráticos, esse percentual tem peso político real.
Ao falar em união, unidade e propósito único, Riedel envia um recado interno e externo. Internamente, cobra ritmo e responsabilidade para o último ano do mandato. Externamente, sinaliza que pretende chegar a 2026 não apenas com discurso, mas com histórico de entregas. É aí que o fio de bigode entra em cena: o candidato prometeu em 2022 e agora o governador mostra o que cumpriu.
Claro que desafios permanecem — e o próprio governador reconhece isso. Mas, na política, tão importante quanto reconhecer o que falta é não dever explicações sobre o que foi prometido e não feito. Nesse quesito, o governo estadual chega ao ano eleitoral em posição confortável, com narrativa consistente e resultados que sustentam o discurso.
Em resumo, a reunião desta quarta-feira não foi apenas um balanço administrativo. Foi um recado político claro: o governo sabe onde está, sabe o que entregou e sabe o que precisa fazer em 2026. Em tempos de descrédito generalizado, isso não é pouco. É, talvez, o principal ativo de Eduardo Riedel neste momento.
ContrapontoMS, com informações da SECOM-MS
