28.1 C
Dourados
quarta-feira, dezembro 24, 2025

Banqueiros e autoridades dizem que PF também sofreu pressão de Moraes

Diretor-geral nega e diz que nunca conversou com o ministro do STF sobre as investigações contra o banco. Magistrado nega ter pressionado a PF e o Banco Central para atuar em favor da instituição, que tem contrato com o escritório de advocacia de sua mulher, Viviane Barci de Moraes

- Publicidade -

Os mesmos banqueiros e autoridades de Brasília que afirmam a jornalistas terem recebido informações seguras de que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pressionou o Banco Central a favorecer o Banco Master dizem ter ouvido de integrantes da PF (Polícia Federal) que o magistrado também manifestou ao órgão interesse no andamento das investigações sobre o caso.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, teria inclusive informado o presidente Lula sobre o caso, e teria ouvido em resposta: “Faça o que for necessário”.

A mulher de Moraes, Viviane Barci de Moraes, é advogada do Master. Seu escritório firmou um contrato de R$ 129 milhões com a instituição, segundo revelado pelo jornal O Globo.

Os rumores já chegaram à cúpula da PF.

Questionado pela coluna, o delegado-geral da PF, Andrei Rodrigues, nega que tenha sequer conversado com Moraes a respeito do assunto.

“Eu já ouvi isso por aí, mas é mentira. O ministro Alexandre de Moraes nunca falou comigo sobre esse assunto”, afirmou ele à coluna.

Rodrigues diz também que conversa constantemente com o magistrado, por causa de inquéritos relatados por ele no STF. “Nunca surgiu o assunto do banco Master”, diz ele, negando que tenha falado com Lula sobre o tema.

A assessoria do STF diz que Alexandre de Moraes nega qualquer tipo de tentativa de intervenção.

Em novembro, a PF prendeu o presidente do Banco Master, Gabriel Vorcaro. A instituição foi liquidada pelo Banco Central.

Nesta semana, a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, publicou uma reportagem afirmando que Moraes pressionou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em defesa de interesses do Master.

Ela afirmou que, em pelo menos três ligações, o magistrado perguntou sobre o andamento da operação de venda do banco para o BRB. Teria havido também uma reunião presencial.

Moraes nega que tenha feito pressão sobre Galípolo.

Nota divulgada pelo STF afirma que o ministro conversou com o presidente do BC exclusivamente sobre as sanções impostas a ele pela Lei Magnitsky e diz até mesmo que “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”.

No mesmo texto, o STF disse que o ministro “esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.

O BC apenas confirmou que Galípolo se encontrou com Moraes para falar sobre a Magnitsky, sem esclarecer se conversaram também sobre o Master.

Leia a íntegra da nota de Alexandre de Moraes:

“O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que realizou, em seu gabinete, duas reuniões com o Presidente do Banco Central para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnistiky. A primeira no dia 14/08, após a primeira aplicação da lei, em 30/08; e a segunda no dia 30/09, após a referida lei ter sido aplicada em sua esposa, no dia 22/09. Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente a aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto. Por fim, esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central.”

Mônica Bergamo

Jornalista e colunista da Folha de S.Paulo

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-