Festas de Natal findas, estamos agora na espera da chegada do novo ano. Sorte termos chegado até aqui. Um novo recomeço, tempo de reflexão, de nos reconectarmos conosco mesmos e com o que é realmente importante na vida. Tempo de balanços: o que fizemos no ano findo, o que gostamos e o que não gostamos; traçar planos para o futuro.
Infelizmente, vivemos em um mundo de guerras e conflitos de vários tipos: Ucrânia e Rússia (desde 2014, intensificados em 2022), às portas da Europa; confrontos entre Israel e o Hamas e outros grupos militantes na Palestina e no sul do Líbano, que mataram muitos, destruíram casas — como todas as guerras, uma catástrofe.
Sem falar do conflito entre Irã e Israel, da guerra civil no Sudão, do que acontece na fronteira entre Camboja e Tailândia, entre tantos outros. E das tensões: na Venezuela com os Estados Unidos; conflitos internos; tensões entre China e Taiwan… governos autoritários e de direita até mesmo em nossa América do Sul.
Com tantas guerras, como ter esperança? Porque sabemos que a humanidade também cria belezas: proporciona arte, literatura, música, acordos de paz e gestos de solidariedade. As pessoas são capazes de ajudar, acolher, curar e educar.
A esperança é uma forma de ação. Não é ficar parado esperando, mas agir: por mais humanidade, pelo respeito aos valores éticos quando tudo empurra para o cinismo e para o abismo.
Saber que a humanidade sobreviveu a outras guerras, genocídios, ditaduras e pandemias nos dá esperança.
Para todos vocês, um ano de 2026 repleto de boas coisas!
E deixo aqui uma mensagem de esperança nos moldes de Edgar Morin, sociólogo e filósofo francês, de 104 anos:
A esperança não é a certeza de dias melhores, mas a consciência de que o pior não é inevitável.
Vivemos um tempo de crises múltiplas — ecológica, política, ética —, mas toda crise carrega em si a possibilidade de metamorfose.
O futuro não está escrito. Ele depende da nossa capacidade de compreender a complexidade do mundo, de religar o que foi separado e de reconhecer nossa comunidade de destino humano.
- Mazé Torquato Chotil – Jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP antes de chegar em Paris em 1985. Agora vive entre Paris, São Paulo e o Mato Grosso do Sul. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e é fundadora da UEELP – União Européia de escritores de língua Portuguesa. Escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.
