Na política, para se chegar ao topo, na condição de líder, ou se é gênio ou se tem um gênio por trás. Um pouco diferente daquela máxima de que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher, até porque nesse caso, dependendo da estatura da mulher, o grande homem acaba sucumbindo antes da hora. Meu velho amigo e grande jornalista-assessor político Uilson Morales vive pegando no meu pé por conta do saudosismo de meus textos, mas como entrar nesse tipo de assunto sem citar dois dos maiores exemplos do que aqui tento expor? Pedro Pedrossian e Ari Artuzi. O maior de todos os governadores dos dois Mato Grossos e o maior fenômeno eleitoral que passou por Dourados.
A pauta foi inspirada pela emoção que tive esta semana ao conhecer pessoalmente o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto, como o nome diz, neto do grande líder político desses dois estados. Nunca antes a fita de minha cachola havia rebobinado tão rapidamente, parando na segunda metade da década de 1960, quando, menino ainda, quase tive uma sapituca quando aquele jovem senhor, com seu irretocável bigodinho (ainda não mascava chicle), à frente de um séquito, estendeu-me a mão perguntando se eu havia gostado da escola. Era o jovem governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian, naquele dia inaugurando a escola Menodora Fialho de Figueiredo, uma das primeiras de suas grandes obras em Dourados.
Pedro Pedrossian é um exemplo desses gênios que segundo os estudiosos aparecem só a cada cem anos. Engenheiro da Noroeste do Brasil que – pelas mãos do lendário senador Filinto Müller – entrou na política já como governador do velho Mato Grosso, levando a prancheta para o gabinete, e ele mesmo projetando grandes obras de seu legado, como Universidades, estádios de futebol (Morenão e Douradão) e desbravando o que ele cunhou como o “grande colosso” com implantação de redes de energia e rodovias, até encerrar sua era futurista com a implantação do Parque dos Poderes em Campo Grande. Obra, aliás, que não deram conta de terminar até hoje, com a construção da sede (Palácio) do governo, propriamente dita. “Dr. Pedro”, como era respeitosamente tratado pelos correligionários, tinha ojeriza a gente incompetente, mais especificamente aos baba-ovos da política. Claro, os tempos eram outros, não existia ainda o marketing político-eleitoral. Mas ele se encarregava disso, por tudo que fazia e representava.
Voltando para a atualidade (pulando Eduardo Riedel, que, até por parecer que veio para repetir Pedrossian precisa de mais um tempo para uma análise mais acurada), no alvorecer, ainda, do novo milênio, com outro fenômeno eleitoral, que não teve tempo de mostrar a que veio como administrador porque sua trajetória foi interrompida por uma ação grande operação político-policial – a Uragano – que a história ainda vai se encarregar de esclarecer: Ari Valdecir Artuzi. Caminhoneiro, herdeiro do nome e de uma ambulância de um tio (vereador Dioclécio Artuzi), teve carreira política meteórica: vereador, deputado estadual reeleito com a maior votação da história e prefeito de Dourados. Evidente que por se tratar de um fenômeno eleitoral (apelidado pelo então governador André Puccinelli como “animal de pelo curto”) foi vítima das tais forças ocultas. As semelhanças com Pedrossian: além de bom de voto, também atropelava os tais puxa-sacos da política e fazia tudo do jeito que lhe dava na telha. Tanto que num congresso de marketing eleitoral em Campo Grande um dos palestrantes sugeriu para que trocassem de posição, pois que ele, ainda deputado, mas já candidato a prefeito, é quem precisava dizer qual era o segredo do “pulo do gato”.
Dito isso, que saibam os ilustres candidatos a Pedrossian e a Artuzi, principalmente os apressados que insistem em furar a fila para subirem ao palco. Com ou sem dinheiro, ou melhor, a dita “estrutura”. Que comecem procurando se cercar de gente competente. Nem precisam se descabelar em busca de fórmulas mágicas ou de milagreiros. Que fujam da picaretagem que campeia por aí. Que se espelhem, por exemplo, na simplicidade, na discrição, principalmente no profissionalismo e no pragmatismo de Reinaldo Azambuja, que acaba de dar uma lição de como fazer um projeto político bem sucedido. Que busquem pois, cada um, o seu Sérgio de Paula (o operador de Azambuja), mas evitando “patrolar” para não serem “tratorados” pelo eleitorado. E, no que diz respeito ao “marketing”, elementar, que se assessorem por quem saiba, pelo menos, o que é uma notícia, evitando encher as caixas de mensagens dos veículos de comunicação e pagando mico nas redes sociais, sem filtro, com baboseiras periféricas, jogando dinheiro fora com “veículos” subvencionados a serviço de facções políticas e sem nenhuma credibilidade.
