Partindo-se da premissa de que o presidente Lula da Silva não vai criar uma cobra para ser mordido logo ali na frente, embora seja ainda muito cedo para este tipo de especulação, com os governadores eleitos ano passado nem bem esquentando ainda suas cadeiras, nenhuma dúvida de que não restará alternativa à ministra Simone Tebet a não ser tentar se sentar na cadeira que lá atrás foi de seu pai, o senador Ramez Tebet. Assim como o pai, ela foi prefeita de Três Lagoas, deputada estadual, senadora, até ousando um passo maior que as pernas, como candidata à presidência da República, agora ministra, só não governadora.
Simone Tebet tem sido uma figura proeminente na política brasileira nesses últimos tempos. Seu desempenho destacado durante a CPI da Covid, onde confrontou o governo negacionista do presidente Jair Bolsonaro, lhe proporcionou visibilidade e reconhecimento nacional. Essa exposição resultou em sua candidatura à presidência da República pelo MDB, alcançando a terceira colocação nas eleições.
Agora, como ministra do governo Lula, continua se projetando no cenário nacional devido ao seu papel como integrante do Conselho Monetário Nacional e sua contribuição na formulação da nova política econômica do país, liderada pelo ministro Fernando Haddad. Além disso, acaba de ser designada para representar o governo nas negociações da Reforma Tributária com o Senado Federal, o que demonstra a confiança e relevância atribuídas a ela no atual cenário político.
No entanto, ao considerar as possibilidades de se candidatar a governadora do Mato Grosso do Sul, é importante mencionar algumas questões provincianas. No estado, ela é vista como aliada de primeira hora do governador André Puccinelli, que disputou o governo com Eduardo Riedel nas últimas eleições. Riedel, cujo chefe da Casa Civil é ninguém mais ninguém menos que o marido de Simone, o ex-deputado Eduardo Rocha. Essa conexão pode gerar percepções de proximidade política entre Tebet e Riedel, podendo ser um fator determinante numa eventual candidatura.
Todavia, é crucial considerar do legado político da família Tebet no Mato Grosso do Sul e sua trajetória política sempre atrelada ao MDB, partido pelo qual Simone disputou a presidência da República. O pai de Simone, Ramez Tebet, foi um político influente e ocupou cargos importantes, incluindo o de governador do estado. Essa herança política é, sem dúvida, um fator que deve pesar na decisão da hoje ministra ao considerar uma possível candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul.
Em suma, as possibilidades de uma candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul são reais, considerando esse histórico político, depois desse reconhecimento nacional, dado ao fato de ela ser hoje a “queridinha” da grande mídia. Independente dessa conexão com o governo Eduardo Riedel, que pode gerar algumas expectativas e questionamentos.
Enfim, uma oportunidade para que a senadora, sempre ciosa em preservar a biografia do pai, possa restabelecer este cronograma político-familiar, e, principalmente, por coerência partidária, livrar-se da má impressão que deixou quando “amarelou”, depois de recusar a intimação de seu então chefe político André Puccinelli, que estava atrás das grades, para substituí-lo na disputa para tentar barrar a reeleição de Reinaldo Azambuja em 2018.
