O advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, negou nesta terça-feira que o ex-presidente tenha assumido a existência da minuta de golpe durante manifestação na Avenida Paulista no último domingo.
— Se as autoridades competentes entendem que a fala do presidente no ato é uma assunção de culpa, até o presente momento, não há prova nenhuma contra o presidente e contra ninguém — disse o advogado, logo após chegar à sede da Polícia Federal em São Paulo para prestar depoimento no inquérito que apura se Bolsonaro importunou intencionalmente uma baleia-jubarte.
Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, justificou que a minuta mencionada pelo ex-titular do Planalto durante o ato refere-se ao documento, encontrado pela PF na sede do PL em Brasília, que foi entregue pelo próprio Bueno, enquanto advogado, a Bolsonaro no dia 18 de outubro de 2023.
— Ele comentava (no ato) sobre algo que ele teve conhecimento muito tempo depois — afirmou Bueno, que continua. — Se as autoridades policiais veem nisso uma forma de confissão, a defesa entende que o que se assiste é realmente uma pobreza muito grande de elemento nessa investigação semi-secreta a qual a defesa não tem acesso e, ao que parece, justamente pela fraqueza de seus elementos.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao ex-presidente acesso aos autos da investigação, com exceção das diligências em andamento e da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
Os advogados de Bolsonaro querem ter acesso ao conteúdo apreendido nos celulares de todos os investigados e também à íntegra do acordo de delação de Cid. Os pedidos da defesa pela íntegra das provas já coletadas foram negados por três vezes pelo ministro.
Como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a fala de Bolsonaro na Paulista deve ser usada pela PF como prova de que ele tinha conhecimento da minuta de golpe.
— O golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência — disse o ex–presidente durante seu discurso. —Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio
Bianca Gomes/O Globo — São Paulo
