Cena inimaginável. Até ontem à tarde, não havia lugar para esses dois na mesma mesa. E olha que eles se cruzam ali invariavelmente, todos os dias. O presidente da União Douradense de Associações de Moradores, José Nunes, e o ex-presidente da Câmara e prefeitável Archimedes Lemes Soares, o sempre onipresente Ferrinho. Nunes, o fiel escudeiro de momento do ex-vice-governador Murilo Zauith. Ferrinho, além de candidato, pai do vereador Maurício Lemes Soares, candidato a reeleição, da base de sustentação do prefeito Alan Guedes no Jaguaribe. Ah, Nunes, mesmo “murilista”, do alto da sua condição de presidente da poderosa UDAM, defende a reeleição de Alan Guedes. Ferrinho já avisou que só abriria mão de sua candidatura em favor do vice-governador Barbosinha, mas em caso de algum tropeço, claro que ficaria no palanque em que estará o filho, também com Alan Guedes. Em comum, ambos só têm uma certeza, quem não apoiariam. Daí o aperto de mão hoje, selando a paz. Tudo por Dourados, conforme famoso slogan de campanha lá atrás.
Sinal dos tempos – Antes mesmo que o então governador André Puccinelli o apelidasse de “animal de pelo curto”, quando saiu candidato a vereador, Ari Artuzi já era chamado de louco. Menos por um dos próceres políticos da época – o ali já poderoso empresário Fernando Rocha, do grupo Campina Verde. Foi Fernandão quem bancou a primeira eleição de Artuzi para o Guaicurus. Pois bem, na manhã desta quinta-feira santa, outra surpresa na padaria que é o termômetro da política douradense. O próprio Fernandão, que ultimamente só aparecia ao lado de globais da novela Terra e Paixão, filmada em sua fazenda, lá em estava, em carne e osso. Detalhe, ao lado de Raufi Marques, ex-chefe da Casa Civil do governo Zeca do PT e ideólogo da eleição de Humberto Teixeira para a prefeitura de Dourados, o mesmo Raufi que, via Vander Loubet, emplacou seu ex-colega ex-presidente da Câmara de Dourados na Secretaria de Agricultura e Pesca, Joaquim Soares, da administração Alan Guedes. Tirem suas conclusões.
Réplicas e tréplicas – Na ponta dos cascos para encarar Marçal Filho depois que ele parasse de criticar sua administração, porque teria que deixar o microfone por conta da legislação eleitoral, o prefeito Alan Guedes parece frustrado, pelo tempo que perdeu. Até porque o prefeito vê Barbosinha como freguês, desde que, como torce, o palanque continue o mesmo de quatro anos atrás. Como esperança é a última que morre, o prefeito espera agora que se confirme a candidatura de Marçal como vice do vice. Aí, diz um assessor mais afoito, seria como tomar doce de criança. A conjugação do verbo parar, no pretérito imperfeito do subjuntivo, ali na segunda linha deste tópico, não é uma mero capricho do redator.
Laranja mecânica – Murilo Zauith não é candidato, pelo menos por enquanto, mas a cor do famoso M de sua logomarca perpassa as campanhas eleitorais. Na eleição passada a empresária Maísa Uemura aproveitou a coincidência da primeira letra de seu nome para pintar também seu eme de laranja. Agora, a ex-murilista de carteirinha, Bela Barros, ex-deputada e também de olho na cadeira do prefeito Alan Guedes. Os adesivos já estão no jeito. Só falta o mais respeitado guru político do MS, João Leite Schmidt, assinar a ficha de filiação dela no PDT. Se não vingar a candidatura a prefeita, só trocar o nome, Bela, pelo de Marcelo Barros, candidato a vereador.
Self dos sonhos – Este é o desejo de consumo de muitos pré-candidatos Brasil afora, inclusive alguns de Dourados, que foram ao comício de desagravo da Avenida Paulista mas que sequer conseguiram chegar perto do casal Michelle-Jair Bolsonaro. Pois não é que a advogada douradense Rosa Medeiros Bezerra conseguiu? Sabe-se lá aonde foi o encontro, ela apenas se limitou a publicar a foto em suas redes sociais, com a enigmática frase: “Deus une propósitos, fale de amor sem dizer uma palavra”. Daniela Hall, Karla Gomes, Tânia Cristina entre tantas outras candidatas ao Jaguaribe que se cuidem.