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domingo, novembro 24, 2024

O ‘alô você’ que falta para decidir a sucessão municipal

Disputa pela prefeitura de Dourados segue aberta, com possibilidade, ainda, de surgir um terceiro nome forte

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Uma das piadas que mais viralizam na internet, de Ariano Suassuna, é de um conterrâneo do filósofo e dramaturgo paraibano dado como doido que um dia resolveu encostar o ouvido num muro de sua cidade, lá ficando plantado por um algum tempo, no que foi imitado por alguns transeuntes curiosos. Depois de alguns minutos, um deles reclamou que não estava ouvindo nada, ao que o doido respondeu: “eu também não”.   

É mais ou menos o que está acontecendo nesta fase do processo eleitoral em Dourados, passado o frenesi do troca-troca partidário, já avançando uma “interminável” e angustiante espera por parte dos candidatos, até que cheguem as convenções partidárias que vão decidir, enfim, quem é que tem as tais garrafas vazias pra vender. Até lá, a expectativa é por um “alô você”, não de Marçal Filho, o pré-candidato tucano que imita o bordão de Fernando Vannucci, falecido ícone do jornalismo esportivo global, mas do presidente Lula, de seu antecessor Jair Bolsonaro, do governador Eduardo Riedel ou de seu antecessor, Reinaldo Azambuja.

Sim, porque até agora a expectativa era de uma eleição polarizada, e federalizada, entre o lulo-petismo e o bolsonarismo. Embora o único que tenha conseguido posar de rostinho colado com Lula seja o professor Tiago Botelho, isso não garante que o PT vá cerrar fileiras com ele, como candidato para suceder um prefeito cuja administração tem pelo menos uma secretaria indicada pelo partido, sem contar os barnabés espalhados por toda administração municipal.

O ‘alô você’ que falta para decidir a sucessão municipal
Na “padaria do fuxico”, Murilo Zauith, a “noiva’ mais cobiçada da sucessão municipal, entre seu fiel escudeiro José Nunes e o homem forte de Marçal Filho, o ex-vereador Juarez “amigo” do Esporte.

Enquanto Tiago Botelho posa risonhamente como pré-candidato de Lula, Alan Guedes e tucanos, na outra ponta, sonham com o apoio de Bolsonaro, mas só Marçal Filho se beneficiando do famoso bordão, assim mesmo em sentido contrário, dele para suas “secretárias do lar”, enquanto assiste, impassível, a debandada de tucanos e de outros pretensos aliados do entorno governista. Tanta é a confiança nos números das pesquisas que Marçal parece até estimular o expurgo, como no caso do deputado Geraldo Resende, criticado sem dó nem piedade publicamente por membros de sua entourage.

Com Alan Guedes não é diferente, já que a angústia não é menor, por conta do prometido apoio de setores bolsonaristas. Até agora, além do teretetê de pé-de-ouvido que teve com Bolsonaro no final do ano passado em Brasília, o prefeito está pendurado apenas no compromisso da senadora Tereza Cristina, já que os bolsonaristas tidos como raiz parecem não ter desistido de lançar candidatura própria, enquanto uma ala, a do deputado Rodolfo Nogueira, aguarda por um posicionamento do vice-governador Barbosinha.

Para não perder a piada de Suassuna, e, como o negócio é plágio, como faz Marçal Filho, a sucessão de Alan Guedes fica também na dependência do que os pré-candidatos podem ouvir no muro das lamentações da campanha, por exemplo, um “alô você” de Lula para Tiago, se desculpando:

—  “Foi mal ‘cumpanheiro’ Botelho, mas você é jovem, pode esperar, é que vou precisar do ‘cumpanheiro’ Vander (Loubet) no Senado daqui a dois anos, e como ele quer apoiar a reeleição do prefeito aí, vocês que se entendam”.

Ou do ex-presidente Bolsonaro para o prefeito Alan Guedes:

— “Oi meu prefeito, alô você, hahaha, palavra dada é palavra empenhada, já falei com o meu Gordinho (Rodolfo Nogueira) aí, fica valendo o combinado aquele dia aqui em Brasília; PP e PL são partidos irmãos e como a ‘Terezoca’ (ex-ministra Tereza Cristina) já está em seu palanque não tem porque brigar, vamos te dar mais quatro anos aí, mas juízo, hein garoto, e vê se não esquece de me convidar para inaugurar pelo menos uma das obras do Fonplata que liberei pra você aí”.

Com Lula lavando as mãos, com Bolsonaro fechado com Alan e pelo tanto que Murilo Zauith anda refestelado na padaria por onde ele garante que vai passar a sucessão municipal, já se fala por lá que o próximo “alô você” pode ser de Reinaldo Azambuja, para o próprio Murilo. Pedindo perdão, pelo que fez com ele lá atrás, e implorando que se não tiver, mesmo, como apoiar Marçal Filho, que aceite ser ele o tertius. Isto, diante da expectativa de que o governador Eduardo Riedel, caidinho que só por Lula, ultimamente, também dê uma de Pilatos. Em último caso, Azambuja pedindo apoio ao deputado Zé Teixeira, com quem o poderoso dono da Unigran não teria problemas em se acertar. Tanto um como o outro, neste caso, como cabeça de chapa, cabendo o último “alô você” ao articulador tucano Sérgio de Paula, comunicando a Marçal Filho sua ida para o sacrifício, como vice, sob a irrecusável argumentação de que assim ele não precisará deixar o estúdio e o microfone sem os quais não conseguiria sobreviver, para ter que ir às ruas para a difícil missão de pedir votos.

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