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domingo, novembro 24, 2024

A importância de um bom discurso para quem quer chegar lá

Pré-campanha é a fase em que os marqueteiros começam a entrar em ação, com sugestões de estratégias, discursos e peças publicitárias

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Embora parecendo moderno, mas pra lá de ambíguo, até pelas óbvias circunstâncias da candidatura, o discurso da transversalidade foi o que pegou na atípica campanha de Eduardo Riedel em 2022. O tão decantado mote. Claro que condizente com o perfil do candidato e compatível com o todo de sua plataforma de governo. Mais, pela formação de Riedel como botânico, a maneira mais elegante de prometer que, conforme mestre Aurélio, “iria atravessar perpendicularmente a superfície de um órgão”, no caso a estrutura do governo que já conhecia tão bem, mas até ali comandada pelo patrono de sua candidatura, o hoje apenas chefe tucano Reinaldo Azambuja. 

Como estamos tratando de eleições municipais, não tem como não lembrar de motes antológicos, que renderam jingles inesquecíveis, como o “ponha um engenheiro na prefeitura”, de José Elias Moreira, para a sucessão do autodidata prefeito João Totó Câmara, ou o “Eu vou votar no Braz”, pela promessa de reconstrução de Dourados, para a sucessão de Luiz Antônio, jingle que marcou época, com seu refrão “Quem não fez até agora não consegue fazer mais, por isso eu vou votar no Braz”. Embasando o discurso de palanque, frases fortes como “até para morrer em Dourados é mais caro do que para nascer”, criticando o sistema de saúde e as taxas funerárias.

Com uma das administrações mais bem avaliadas da história, o prefeito que criou “CEU” (escolas de tempo integral) na terra de seu Marcelino, Braz Melo (só para ficar na expressão por ele mesmo muito usada), achando-se, já, o “boi do c… branco”, resolveu testar sua popularidade, lançando um candidato que não era o que a cupinchada queria. Os  marqueteiros de Humberto Teixeira nem precisaram queimar tantos neurônios para chegar ao mote “A força do povo”, que deu origem ao jingle “É este que eu quero, é com ele que eu vou, Humberto Teixeira é a força do povo”.

A importância de um bom discurso para quem quer chegar lá
Murilo Zauith, em 2000, com sua malfadada “Dourados com prosperidade” (foto: arquivo ContrapontoMS)

Para a sucessão de Braz Melo o à época tucano Murilo Zauith veio com o discurso prometendo “Dourados com prosperidade”. Tão genérico que não colou, talvez pela falta de um plano de governo convincente e, acima de tudo, porque a campanha era sub-repticiamente focada no velho contra o novo. Já na virada do milênio Murilo explorava a presença no palanque de George Takimoto de lideranças tidas como superadas, como o prefeito que saia, Braz Melo, seu antecessor José Elias Moreira; os deputados Humberto Teixeira, Valdenir Machado, Zé Teixeira e o ex-deputado Roberto Razuk, cuja mulher, Délia, era a candidata a vice-prefeita de Takimoto. Foi o que bastou para brilhar, também por aqui, a estrela vermelha do sempre moderado professor petista Laerte Tetila, sob o brilho maior, ainda, das estrelas do governador Zeca do PT e do presidente Lula da Silva.

E o que dizer do mote do fenomenal Ari Artuzi? O que para mim era uma hercúlea dificuldade, como marqueteiro, acabou sendo a salvação da pátria de nosso Sassá Mutema: o famigerado “ajuda eu”. E, assim, surgindo outro dos grandes jingles de campanha: “O Artuzi tá pedindo, pode me chamar que eu vou, e o povo tá dizendo é com ele que eu vou’, fechando com seu grito de guerra – “Ajuda eu! Ajuda eu! Ajuda eu…”. Vendo agora pelo retrovisor, mais se parecendo com um agonizante e premonitório pedido de socorro por tudo que aconteceria na Operação Uragano.

Interessante, a propósito do mote do velho contra o novo, foi também assim que Alan Guedes se elegeu quatro anos atrás. Mais interessante ainda, os mesmos “velhos” por ele tão criticados à época, no palanque de Barbosinha, são os que agora insistem na pré-candidatura tucana do radialista Marçal Filho. Especialmente o deputado Zé Teixeira, com quem Alan Guedes teve a ousadia de romper politicamente para, só assim, conseguir se lançar como “azarão” à sucessão de Délia Razuk. Outro detalhe interessante nessa história, não bastou o currículo invejável do candidato derrotado, o deputado Barbosinha. Para quem acredita nessa história de déjà vu, o mesmo que aconteceu com Geraldo Resende, quatro anos antes, com seu grande currículo de deputado maior “trazedor” de recursos para Dourados, perdendo a eleição para Délia Razuk. Importante anotar: ambos com o apoio da máquina do governo do governo Azambuja, mas faltando a palavrinha mágica para traduzir toda essa competência num bom discurso de campanha.

Agora fica a expectativa para os discursos dos nomes até aqui colocados para a sucessão de Alan Guedes. Começando pelo próprio, que já vem dando pistas de que a coisa vai caminhar pela defesa de seu legado. Semana passada, no Mauro Podcast, dei uma dica de assunto interessante para os pretendentes. Como saiu sem querer, fico na expectativa de que se alguém se apropriar da ideia que pelo menos tenha a piedade de pedir minha chave pix. Até porque tenho que dividir os royalties com o consultor de empresas Fabiano Deiss, que me deu o bisu. Não valem, pois, plágios, como “Ajuda eu”, “Tudo por Dourados”, “Por uma Dourados mais humana” e tantos outros tão surrados e tão “criativos”, alguns que até já circulam nessa pré-campanha, que chegam a dar vergonha. O “Alô você” de Fernando Vannucci? Nem pensar, nem como chamada para comícios, por se tratar do mais descarado deles. E que bom se fosse só por isso.

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