Enquanto o presidente Lula (PT) tenta capitalizar nesta terça-feira os bons resultados do emprego em seu terceiro mandato, a oposição ligada ao ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o 1º de maio para tentar desgastar o governo federal. O debate gira em torno dos dados mais recentes divulgados pelo IBGE.
A taxa de desemprego de 7,9%, medida na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, está no menor nível para um primeiro trimestre em dez anos, acima apenas dos 7,2% registrados em 2014. O percentual subiu em relação ao quarto trimestre do ano passado, quando a taxa ficara em 7,4%, mas o movimento é considerado sazonal, por causa da habitual dispensa de trabalhadores temporários no início do ano.
Os dados foram explorados nesta quarta-feira no discurso do presidente no ato das centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalhador em São Paulo. Na ocasião, Lula listou boas notícias da economia, dando destaque às novas estatísticas.
Já o aumento em relação ao último trimestre do ano passado, sem contextualização, foi amplamente explorado por bolsonaristas em suas redes sociais. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) compartilhou uma notícia que repercutia a alta junto à frase: “Efeito Lula”.
Na mesma toada, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aderiu à mesma estratégia e ironizou o presidente: “Será que Lula vai subir em algum palco de sindicato para mentir e dizer que está tudo bem?”, questionou.
Em post compartilhado por Jair Bolsonaro, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, que é ex-ministro do Trabalho, elogiou políticas do governo de seu aliado e chamou a gestão de Lula de “obsoleta” nessa área. “O PT se agarra a políticas danosas ao emprego e trabalho, como forçar sindicalização dos trabalhadores em aplicativo”.
Sem citar nominalmente o presidente, o governador bolsonarista de Santa Catarina, Jorginho Mello, aproveitou a ocasião para falar sobre os seus índices e afirmou que, caso seu estado fosse um país, teria um menor desemprego que Estados Unidos, Noruega e Alemanha.
Entre os deputados federais, os discursos virtuais foram mais carregados de ironias. Paulo Bilynsky (PL-SP) usou a data para repercutir dados de uma pesquisa do IBGE que comparou regiões do país e a adesão a programas sociais como o Bolsa Família. Tais índices já foram usados de forma pejorativa por outros bolsonaristas que, por isso, foram criticados.
“Essa é a verdadeira divisão do Brasil. Em laranja, os estados com mais beneficiários do Bolsa Família que trabalhadores com carteira assinada”, escreveu junto a um mapa que aponta para a realidade no Nordeste e Norte do país.
Já Gustavo Gayer (PL-GO) e o vereador de São Paulo, Rubinho Nunes (União Brasil) desejaram felicidades aos trabalhadores e debocharam do partido de Lula: “Feliz dia de quem não é petista”, afirmou Gayer em seu Instagram.
Luísa Marzullo/O Globo — Rio de Janeiro
