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quinta-feira, novembro 21, 2024

O marketing eleitoral em tempos de mídias sociais

A outsider bolsonarista Gianni Nogueira e o lulista Tiago Botelho são as novidades do mercado eleitoral deste ano em Dourados

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Ilustre desconhecida, depois de comprar uma rasteirinha e cair na quiçaça para tentar sentir o tal cheiro do povo, a cantora gospel e pianista Gianni Nogueira reforçou seu estoque de esomeprazol (para evitar os efeitos da gastrite), depois que descobriu o quão delicioso é um pastel com tubaína. Ah, aprendeu também a usar capacetes, desses de operários da construção civil, afinal, Dourados vive seu boom de crescimento vertical, com torres espalhando-se por todos os quadrantes. Do lado do lulopetismo, o professor Tiago Botelho, pensando quiném a bolsonarista, ou seja, só “naquilo” – a cadeira de Alan Guedes – esforçando-se para mostrar que é um bom sujeito, reclamando dos custos operacionais das campanhas eleitorais, garantindo que não vai comprometer seu fundo partidário com panfletagem, etc. e tal, mas, boa pinta, usando e abusando de sua plástica para impressionar nas redes sociais. Coisa de marqueteiros, que uma vez do ramo, que se diga, custam uma barbaridade. Mas, será que esses truques podem impedir a reeleição do agora “fazedor” e “entregador” de obras Alan Guedes e do sempre enrolado radialista tucano Marçal Filho, se é que ele vai mesmo encarar dessa vez?

O marketing eleitoral é uma ferramenta imprescindível para quem deseja obter sucesso numa campanha política. A eficácia de uma campanha está intimamente ligada à capacidade do candidato de seguir as orientações dos especialistas, os chamados marqueteiros. No entanto, com a chegada das mídias sociais e das novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), o cenário do marketing eleitoral tem se transformado de forma significativa.

Antes da era digital, muitos candidatos ainda resistiam ao uso dessas novas tecnologias. Eles preferiam confiar no feeling pessoal ou acreditavam que o dinheiro era o principal fator para o sucesso nas urnas. Embora esses elementos ainda tenham sua importância, a ascensão das mídias sociais e da IA trouxe uma nova dinâmica para o marketing político.

No âmbito nacional o presidente Lula é o maior exemplo do político reticente ao marketing. Só depois de três derrotas na disputa para a presidência, sempre confiante no seu taco e na mudança de ventos da política nacional ele resolveu se curvar ao profissionalismo e, mais interessante, foi se socorrer com um marqueteiro que sempre trabalhou dentro do espectro ideológico da direita, o “malufista” Duda Mendonça, à época o mais renomado profissional da área no país. Depois disso Lula se rendeu e hoje é o mais bem acabado produto do marketing eleitoral brasileiro.

O marketing eleitoral em tempos de mídias sociais
Os azarões Eduardo Riedel e Capitão Contar, nas eleições para o governo do MS em 2022 (foto: reprodução)

No Mato Grosso do Sul, o exemplo mais recente de sucesso é o governador Eduardo Riedel. Outsider na política, não se acomodou com a estrutura governamental e o prestígio do padrinho político, o antecessor Reinaldo Azambuja, buscando já ali caminhar com suas próprias pernas e cercando-se de uma equipe altamente especializada, com a promessa da tal transversalidade, com a qual unificou seu discurso de modernidade, o que levou para o governo, até aqui dando toda a pinta de que, como “profetizado” neste blog, pode ser transformar no novo Pedro Pedrossian, o maior de todos os governadores dos dois Mato Grossos.

Em Dourados, tirante o fenomenal Ari Valdecir Artuzi – ele próprio um produto que dispensava qualquer tipo de burilamento nessa área – o melhor exemplo de marketing bem sucedido foi do candidato Braz Melo em sua campanha de prefeito em 1988. Também com incisivo apoio do até ali bem sucedido governador Marcelo Miranda, Braz curvou-se aos profissionais da área. Disciplinado, seguindo à risca o script em suas falas na TV e com um bom programa de governo, o que é fundamental, desde que bem trabalhado, saiu para a disputa com 5% nas pesquisas, contra 67% de José Elias Moreira, deputado federal cujo grande trunfo foi trazer para o palanque a nova Constituição Brasileira recém-promulgada, além de seu currículo como o maior prefeito da história. Outra vantagem de Braz Melo, aquela foi a última campanha com transmissão dos programas eleitorais pela TV Morena, antes da instalação da emissora do grupo Zahran em Ponta Porã, que pela legislação eleitoral é obrigada a transmitir os programas dos candidatos locais.    

O marketing eleitoral em tempos de mídias sociais
Braz Melo, o maior marqueteiro de todos os prefeitos, com sua “mão”, que virou símbolo da cidade (foto: Instagram)

A revolução das mídias sociais

Menos mal que com a chegada das mídias sociais os candidatos não dependem mais da TV como antes. Essas novas ferramentas mudaram drasticamente a forma como as campanhas são conduzidas. Plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e TikTok oferecem ferramentas poderosas para engajar eleitores, compartilhar mensagens de campanha e reagir rapidamente a eventos em tempo real.

Entre essas vantagens, o alcance ampliado que permite aos candidatos alcançarem um público muito maior e mais diversificado sem os altos custos associados à publicidade tradicional; a interação direta com possibilidade de atingir mais rapidamente os eleitores, respondendo a perguntas e participando de discussões,  com a humanização do candidato, o que cria um vínculo mais próximo com o público, também a análise de dados, com as plataformas sociais fornecendo uma vasta quantidade de dados sobre os eleitores, permitindo que as campanhas ajustem suas estratégias de forma precisa e personalizada.

A influência da Inteligência Artificial

Coqueluche nessa campanha, a Inteligência Artificial (IA) está se tornando uma ferramenta essencial no marketing eleitoral moderno. Sua capacidade de analisar grandes volumes de dados, prever comportamentos e automatizar processos traz uma série de benefícios, como, como a segmentação precisa, que pode identificar e segmentar eleitores com base em seus comportamentos, preferências e interações online, permitindo campanhas altamente direcionadas; a personalização de mensagens entregues de forma automática, aumentando a relevância e o impacto das comunicações de campanha, e até análise de sentimentos, com monitoramento do humor eleitor nas redes sociais, ajudando a campanha a ajustar suas mensagens e estratégias em tempo real.

O papel dos marqueteiros na era digital

Mas, como exemplificou muito apropriadamente o veterano Boris Casoy quando um robô derrotou o grande mestre e campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, já prevendo essa revolução, quem se sentir ameaçado, como os marqueteiros, agora, só tirar o computador a tomada. Assim, apesar da disponibilidade de tecnologias avançadas, a figura do marqueteiro continua sendo vital. A tecnologia, por si só, não substitui a experiência e o conhecimento estratégico dos profissionais de marketing.

Os marqueteiros possuem a expertise necessária para interpretar dados complexos e transformar insights em estratégias eficazes. São eles, também, que gerenciam crises em momentos cruciais, como aconteceu com o próprio Braz Melo, na reta final de sua campanha contra Zé Elias. Foi graças à criação de uma narrativa de última hora, aproveitando-se de um grande feito do governo do estado em Dourados, que ele conseguiu virar a eleição, ganhando com míseros 40 votos na conturbada urna 185 do Parque das Nações II.

E ninguém melhor que um bom marqueteiro para a adaptação às mudanças dessa era digital, já que estão continuamente atualizando suas estratégias e conhecimentos para acompanhar todo o processo. Até porque nesses novos tempos o marketing eleitoral se tornou mais complexo e dinâmico. Embora as tecnologias avancem e ofereçam ferramentas poderosas para as campanhas, a expertise dos marqueteiros permanece essencial.

A combinação de tecnologia e conhecimento humano permite campanhas mais eficazes, personalizadas e capazes de engajar o eleitorado de maneira significativa. É nisso que aposta o professor Tiago Botelho, pré-candidato do PT, para virar o jogo da sucessão do prefeito Alan Guedes. Mas para isso, ao invés de dispensar os serviços desses profissionais e ficar reclamando dos custos desse trabalho, o petista precisa aproveitar essa integração das novas tecnologias como uma forma de potencializar ainda mais o trabalho dos marqueteiros, garantindo uma abordagem holística e estratégica para o sucesso eleitoral. Da mesma forma a bolsonarista Gianni Nogueira, novata e crua de tudo, em que pese a experiência de esposa de deputado federal de primeiro mandato – o gordinho do Bolsonaro, Rodolfo Nogueira.

Fake News

O marketing eleitoral em tempos de mídias sociais
Tiago ‘amigo do Lula’ Botelho e a tentativa de resgatar a bandeira do Brasil para todos os brasileiros (foto: Instagram)

Por fim, o grande desafio para candidatos, marqueteiros, justiça eleitoral, enfim para o todo da campanha: a propagação das famigeradas fake news (notícias falsas). A facilidade com que informações falsas podem ser disseminadas nas redes sociais torna crucial que candidatos e suas equipes adotem estratégias eficazes para combater a desinformação e manter a credibilidade. E como fazer isso? Educando o eleitorado, promovendo a alfabetização midiática e sendo rápido no gatilho na hora das repostas, com a utilização de serviços como o fact-checking (verificação de fatos) para a produção de conteúdo educativo com o compartilhamento de vídeos, infográficos e artigos que expliquem como reconhecer notícias falsas. Tudo com muita transparência, pois engana-se o candidato que ainda duvida da inteligência do eleitor.

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