Pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem, véspera do primeiro turno, indicam a tendência de reeleição de mais da metade dos prefeitos de capitais, o melhor resultado para o continuísmo político desde 2008, segundo levantamento pelo jornal O Globo. Em 12 das 20 capitais onde prefeitos estão disputando a reeleição, os mandatários apareceram com pelo menos 50% dos votos válidos.
É o caso, por exemplo, do Rio, com Eduardo Paes (PSD); de Salvador, com Bruno Reis (União Brasil); e do Recife, com João Campos. Também registraram ao menos 50% dos votos válidos, levando-se em consideração as margens de erro, os prefeitos de São Luís, Eduardo Braide (PSD); Maceió, JHC (PL); João Pessoa, Cícero Lucena (PP); Florianópolis, Topázio Neto (PSD); Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos); Rio Branco, Tião Bocalom (PP); Macapá, Dr. Furlan (MDB); Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB); e Boa Vista, Arthur Henrique (MDB).
Entre esses candidatos, os que ainda correm risco de decidirem a disputa em um eventual segundo turno são exatamente os dois candidatos das capitais da região Sul: Topázio Neto apareceu com 53% das intenções de voto em Florianópolis, enquanto Sebastião Melo, em Porto Alegre, teve exatamente 50%. Ou seja, de acordo com a margem de erro, ele pode ter desde 53% a 47%. Para ser eleito em primeiro turno, é necessário ter mais da metade dos votos válidos, isto é, desconsiderando nulos e brancos.
Por outro lado, alguns prefeitos tem reeleições praticamente garantidas. De todos, o que tem a maior intenção de votos válidos é Dr. Furlan, em Macapá. Pesquisa realizada pela Quaest aponta que ele terá 86% dos votos válidos. Em Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, aparece com 77% dos votos, mesmo percentual de João Campos, em Recife, segundo a Quaest. O prefeito da capital pernambucana teve 80% das intenções de votos válidos no levantamento feito pelo Datafolha.
Com gestões bem avaliadas, João Campos e Bruno Reis praticamente não tiveram suas intenções de votos alteradas desde o início da corrida eleitoral, se mantendo com a preferência de cerca de sete a cada dez eleitores em todos as pesquisas realizadas.
Em situação oposta estão prefeitos como Edmilson Rodrigues (PSOL), de Belém; Rogério Cruz (Republicanos); e Dr. Pessoa (PRD), de Teresina, que devem ficar fora do segundo turno, segundo a Quaest. Outros candidatos, entretanto, ainda brigam por uma vaga no segundo turno, como é o caso de Ricardo Nunes, na capital paulista, e de Fuad Noman, em Belo Horizonte.
Caso os números se confirmem nas urnas, esse será o melhor desempenho de prefeitos na disputa à reeleição desde 2008. Há quatro anos, em eleição realizada durante a pandemia da Covid-19, seis prefeitos ganharam a eleição já no primeiro turno. Naquele ano, entretanto, 13 prefeitos tentaram a recondução ao cargo.
Em 2016, em meio à crise econômica e política que atingia o país, com o impeachment de Dilma Rousseff, sete dos 20 prefeitos conseguiram a reeleição no primeiro turno, ou 35%. O pior resultado em números absolutos aconteceu em 2012, quando apenas quatro conseguiram um segundo mandato. Contudo, naquela eleição apenas oito prefeitos tentaram a reeleição
Em contrapartida, em 2008, foram reeleitos 13 prefeitos já no primeiro turno entre os 20 candidatos, que também foi o melhor resultado proporcionalmente (65%) desde a primeira vez em que prefeitos puderam tentar a reeleição, nas eleições municipais de 2000.
Dimitrius Dantas/O Globo — Brasília