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sábado, novembro 23, 2024

O simbolismo do tapete vermelho estendido por Azambuja e Riedel a Marçal Filho em Campo Grande

Prefeito eleito de Dourados foi recebido em audiência especial pelo chefe tucano Reinaldo Azambuja e pelo governador Eduardo Riedel

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A recepção especial ao prefeito eleito Marçal Filho no início desta semana em Campo Grande, realizada em um local reservado para situações íntimas, não ocorreu apenas porque ele estava no ar com seu programa de rádio em Dourados no mesmo horário em que o governador recebia os prefeitos eleitos e reeleitos do estado, em um auditório do governo estadual. A ida de Marçal à capital não foi para receber (e ler) a cartilha de Azambuja e Riedel, mas sim para as honras que merecia, uma forma que o coronel e seu preposto entenderam como a melhor maneira de agradecer pela retumbante vitória tucana em Dourados, após dois fracassos consecutivos nas eleições anteriores.

É possível que, por ter nascido na Vila Matos, uma das áreas mais elevadas da cidade, quase no divisor de águas, o radialista e agora prefeito eleito nunca tenha conhecido o brejo que era a região da Cabeceira Alegre, revitalizada na década de 1970 para dar origem ao Parque Arnulpho Fioravante, ou o Cachoeirinha, antes de Braz Melo, habitat preferido de alguns répteis, incluindo tartarugas. Talvez por isso, ele tenha dificuldade em distinguir uma tartaruga de um jabuti, ambos répteis, mas com hábitos diferentes, já que o jabuti prefere terra firme e não se adapta bem à água.

Essa prosopopeia se fez necessária, apesar da singeleza da fala do prefeito eleito em sua chegada ao Parque dos Poderes, enquanto aguardava pela audiência. A ocasião trouxe à tona um drama mais shakespeariano que socrático: a dúvida do popstar do rádio douradense ao respirar o ar puro e contemplar a paisagem convidativa à reflexão, no “gabinete de verão” dos governadores, o receptivo do Prosa.

— “Tartaruga ou jabuti?” questionou Marçal, interagindo com seu videomaker, que estava entretido filmando um animalzinho deslizando por um filete de água do Prosa, enquanto aguardava o anfitrião, o governador Eduardo Riedel. Talvez daí tenha surgido o gancho por ele ditado à sua assessoria para justificar o teor da sua primeira conversa com o governador e o poderoso chefão Azambuja, marcando o início do cumprimento da promessa de campanha de fazer revolução na saúde de Dourados.

Esse encontro inspirador com uma tartaruga foi, sem dúvida, providencial. Desde que a visita fosse, de fato, administrativa, para tratar de obras, seria difícil ignorar que, como a tartaruguinha do Prosa, o tema principal da reunião também se arrasta há muito tempo: o Hospital Regional de Dourados, um projeto que começou com o médico George Takimoto, ainda no governo Puccinelli, passou pelo governo Azambuja e agora avança, lentamente, sob o governo Riedel, servindo até aqui apenas de cenário para a demagogia política.

Marçal Filho está plenamente consciente de que não pode, sob hipótese alguma, permitir que sua gestão seja contaminada por qualquer “efeito tartaruga”. Daí a brincadeira, até como torcida, para que o animalzinho que cruzou seu caminho fosse um jabuti, símbolo de resistência e resiliência. Qualquer efeito tartaruga, aliado às amarras da máfia que tem engessado administrações uma atrás da outra, poderia ser o fim de sua trajetória. É que ele tem a obrigação de ser não apenas um bom prefeito, mas o melhor da história de Dourados, depois de Zé Elias e Tetila.

Certamente, Marçal Filho preferiria ter um jabuti como inspiração em seu primeiro tête-à-tête com o establishment. Afinal, jabuti não sobe em árvore, e quando o faz, é porque alguém o colocou lá. No Mato Grosso do Sul, aliás, há casos famosos de jabutis ocupando o lugar de jacarés e até de surucucus no emblemático Bioparque do Pantanal. Que venham, desde que bem intencionados e com seu crivo, os jabutis de Azambuja e de Riedel. Mas tudo dentro dos limites republicanos, principalmente depois da devassa desta quinta-feira no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, o que pode gerar um efeito dominó.

Ciente de que essa é uma seara delicada, especialmente em um governo sob forte influência de um coronel como Azambuja, Marçal Filho mostrou a que veio, deixando de lado a sisudez e a timidez para exercitar seu lado mais radialista, brincalhão, irônico e, às vezes, até debochado. Ele sabe que, dessa forma, poderá não apenas cumprir suas promessas de campanha, mas também o juramento feito no discurso da vitória: tirar Dourados do ostracismo e fazer da terra de seu Marcelino um protagonista na política estadual. Mas para isso ele precisa evitar a vala comum onde Azambuja costuma fincar os “postes” de suas invernadas estado afora.

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