1874 – Monumento aos heróis de Laguna
Taunay consegue a ordem para erigir monumento à memória do coronel Carlos Camisão e do tenente-coronel Juvêncio Cabral de Meneses no lugar em que haviam sido sepultados nas proximidades da fazenda Jardim. A ordem foi cumprida, segundo o seguinte boletim:
No. 440 – Comissão de limites entre o Brasil e o Paraguai. Assunção, 31 de outubro de 1874 – Ilmo. Exmo. sr. – O monumento à memória dos beneméritos comandante e imediato das forças brasileiras que operaram no sul de Mato Grosso, acha-se levantado à margem esquerda do rio Miranda, junto ao Passo do Jardim, no alto de uma colina e a 16 léguas do passo de Bela Vista, no Apa – É de mármore e a sua base de pedra e cal – A lápide que está assentada em plano inclinado, sobre quatro peças também de mármore, olha para a estrada da retirada das forças, que passa a 50 metros de distância.
Contém a seguinte inscrição:
À memória dos beneméritos coronel CARLOS MORAES CAMISÃO e tenente-coronel JUVÊNCIO MANUEL CABRAL DE MENESES comandante imediato das forças em operações ao sul desta Província, falecidos em 29 de maio de 1867, na memorável retirada das mesmas forças, o Governo Imperial mandou erigir este monumento em 1874.
Carlos Moraes Camisão e tenente-coronel Juvêncio Manuel Cabral de Meneses, comandante e imediato das forças em operação ao sul desta Província, falecidos em 29 de maio de 1867, na memorável retirada das mesmas forças, o Governo Imperial mandou erigir este monumento em 1874.
O coronel Rufino Enéas Gustavo Galvão, encarregado pela construção dos jazigos em parte ao ministro da Guerra, dá detalhes:
As sepulturas estavam intatas e não tinham sido abertas, como me informaram; foram reconhecidas pelo sobrinho do falecido prático José Francisco Lopes, Gabriel Lopes, que mora atualmente na fazenda do Jardim e acompanhou as forças.
O monumento está dividido interiormente em dois compartimentos, contendo um os restos do comandante, o outro do imediato. Assinala este compartimento um frasco dentro do qual se acha um castelo de metal dourados, que mandei colocar ao lado dos ossos, como distintivo da corporação a que pertenceu o ilustre finado.
No outro compartimento mandei colocar uma granada de calibre 4, La Hitte, que aí encontrei, como distintivo da arma do distinto comandante das forças.
Ao lado do monumento, mandei fazer uma sepultura de pedra e cal e nela foram depositados os restos do destemido prático das forças, José Francisco Lopes, conforme os desejos de sua viúva.
Entre os dois jazigos fiz construir outro e nele encerrar os ossos que se achavam espalhados de outros bravos ali falecidos. Mandei cercar as sepulturas com mourões e levantar no vértice da construção uma grande cruz de madeira de lei.
Pequeno cemitério assinala, pois, esse remoto lugar, onde sucumbiram tantos valentes defensores da Pátria.
Em 31 de dezembro de 1938, foi inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas o monumento aos heróis de Laguna e Dourados, na praia Vermelha, no Rio de Janeiro.
FONTE: Taunay, Memórias, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1946, página 257
1883 – Morre em Corumbá filho de revolucionário pernambucano
Faleceu em Corumbá, onde servia no no Batalhão de Artilharia a Pé, o tenente Pedro Ivo Veloso da Silveira. Combatente na guerra do Paraguai, era filho de Pedro Ivo, combatente da Cabanagem no Pará (1835) e líder da revolução praieira, no Recife (1848). O fato foi sintetizado pelo primeiro jornal de Corumbá:
“Passamento – No dia 31 de outubro último, pelas 5 horas da tarde, deixou de existir o 1° tenente do 3° batalhão de artilharia a pé Pedro Ivo Veloso da Silveira.
Portador de um nome ilustre, pelo sacrifício de um brasileiro, verdadeiramente amigo do seu país e que soube levar ao extremo a sua abnegação por ele, sustentando com a coragem de herói de suas opiniões; era o sr. 1° tenente Pedro Ivo V. da Silveira, um moço dotado de qualidades, que o tornavam digno da estima de seus camaradas e de seus concidadãos em geral.
Em suas veias corria o sangue, todo brasileiro, de seu progenitor, porém, isolado desde muito jovem e sujeito aos vaivéns do labirinto que se chama mundo, sem apoio e sem guia, o sr. tenente Pedro Ivo experimentou completa modificação na energia que herdara. Era muito brasileiro também, o que demonstrou com bons serviços que prestou na campanha do Paraguai, e digno de muita estima; excelente pai de família e bom amigo. Paz à sua alma”.
1895 – Fundado do Partido Autonomista de Nioaque
Dissidentes do partido republicano, do coronel João Ferreira Mascarenhas, fundam o partido autonomista de Nioaque. O primeiro diretório teve a seguinte composição: presidente Vicente Anastácio, vice João Caetano Teixeira Muzzi, secretário João Antonio da Trindade e membros João Rodrigues de Sampaio, Augusto Nunes Ferraz, Joaquim César e Joaquim Gonçalves Barbosa Marques.
Da eleição para a intendência, realizada nesse mesmo ano, o partido concorreu com seu filiado Rodrigues de Sampaio, que conseguiu 44 votos. O vitorioso foi o republicano Cláudio Gomes, que obteve 455 votos.¹
Ao Partido Autonomista de Nioaque vários autores atribuem a defesa da divisão do Estado. Na verdade, o que se tem é que seus dirigentes terminaram protagonizando conflito bélico contra o líder João Ferreira Mascarenhas, aliado do governo estadual. Não se sabe as razões da disputa entre os dois grupos, tendo-se como desfecho a derrota do partido autonomista, segundo a versão oficial:
Chegando ao me conhecimento que entre os partidos – autonomista e republicano popular – em que se dividiu a política local, dirigido o primeiro pelo cidadão Vicente Anastácio e o segundo pelo coronel João Ferreira Mascarenhas, estava iminente um encontro, e que bandos de homens armados de uma e outra parcialidade percorriam a comarca causando sobressaltos e alarmando seus pacíficos habitantes, fiz seguir para ali, em comissão, o desembargador Antonio Fernandes Trigo de Loureiro, nomeado chefe de polícia, com instruções especiais que o caso exigia, e acompanhado de força que garantisse sua autoridade para sindicar daqueles fatos, abrindo inquérito afim de conhecer a quem cabia a sua responsabilidade e tomando outras providências que a gravidade dos acontecimentos e o seu elevado critério aconselhassem na ocasião para restabelecer a ordem, o que conseguiu aquele distinto magistrado, desempenhando cabalmente a árdua missão que lhe fora confiada.
A dificuldade de mobilizar prontamente força do corpo da polícia militar, que continua desfalcado, para acudir a segurança de ordem em municípios distantes da capital, como aquele, sem via regular de comunicação, não permitiu que fossem em tempo tomadas providências para evitar encontros, dos quais resultaram perdas de algumas vidas.
Ao chegar a Nioaque já encontrou o chefe de polícia a vila em poder do coronel Mascarenhas, tendo a maior parte dos autonomistas, incriminados e responsáveis, se refugiado na república do Paraguai, onde permanecem.²
FONTE: ¹O Matto-Grosso (Cuiabá), 8 de dezembro de 1895; ²Preside Antonio Correa da Costa, mensagem à Assembleia Legislativa, (Cuiabá) 1° de fevereiro de 1897, página 4.
1912 – Inaugurado matadouro de CG
É inaugurado em Campo Grande o primeiro matadouro público da cidade. Conforme constata Edgard Zardo, era “preocupação da municipalidade a questão da carne, que provinha das reses abatidas nas chácaras e fazendas próximas e era transportada em carretas ou carroças abertas e sem condições higiênicas, vendida nas residências”. Com efeito, foi autorizada a construção do primeiro matadouro de Campo Grande, concessão dada a Nicola Verlangieri, inaugurado nessa data. Verlangieri fica pouco tempo à frente do mesmo, devolvendo-o à intendência, que passou a operá-lo sob a denominação de Matadouro Público Municipal, localizado nas proximidades da confluência do Prosa e o Segredo, onde passou a funcionar a sede central do Instituto Mirim, na avenida Via Morena.
FONTE: Edgard Zardo, De Prosa e Segredo Campo Grande Segue seu Curso, Funcesp/ Fundação Lions, Campo Grande, 1999, página 50.
1916 – Caetananda: militares garantem decisão judicial
Chega a Corumbá expedição militar enviada pelo governo federal para garantir a ordem de hábeas-corpus concedida à Assembleia Legislativa, que instalada provisoriamente nessa cidade, travava disputa com o presidente Caetano de Albuquerque, no episódio que entrou na história como Caetanada. A força era comandada pelo general Luis Barbedo.
FONTE: 63 – Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 233.
1943 – Inaugurado o Educandário Getúlio Vargas em Campo Grande
Foi inaugurado em Campo Grande o Educandário Getúlio Vargas, destinado aos filhos de portadores de hanseníase, como suporte na área de manutenção e ensino, ao sanatório São Julião, inaugurado em 1941 pelo presidente Getúlio Vargas. O assunto foi notícia na imprensa nacional:
CAMPO GRANDE, 3 (Asapress) – Foi solenemente inaugurado o “Educandário Getúlio Vargas”, construído pela Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra. Destina-se esse estabelecimento a recolher, manter e educar os filhos dos leprosos. Com uma capacidade de 200 leitos, nele serão abrigadas as crianças de até 18 anos. A sua construção foi iniciada em 1940, após uma campanha que rendeu 531.000,00 cruzeiros. A construção custou um milhão de cruzeiros, tendo o governo federal contribuído com o restante. Foram inaugurados os retratos do presidente da República, do ministro da Educação e do interventor Júlio Müller.
A solenidade contou com a presença da sra. Eunice Weaver, presidente da sociedade, provedora da obra inaugurada.
FONTE: jornal A Manhã (RJ), 4 de novembro de 1943.