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quinta-feira, dezembro 26, 2024

PSD, União e MDB antecipam disputas por 2026, e governo age para esvaziar alas oposicionistas

A articulação do Palácio do Planalto visa ampliar espaço desses partidos no Executivo, mesmo que hoje eles já ocupem três ministérios cada

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Fortalecidos após conquistarem a maior parte das prefeituras nas eleições deste ano, PSD, MDB e União Brasil viram crescer as divisões internas sobre os rumos que tomarão em 2026. De um lado, nomes que se destacaram nas disputas municipais, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pregam distanciamento do PT. Do outro, governistas agem para esvaziar alas oposicionistas e tentam manter a atual aliança em torno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A articulação do Palácio do Planalto passa por ampliar o espaço no Executivo de integrantes dessas legendas, que já ocupam três ministérios cada uma. Integrantes do governo, por exemplo, têm visto com bons olhos as sinalizações que o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara, deu ao PT nas eleições municipais. Rival histórico dos petistas na Bahia, ele apoiou nomes da legenda no estado. Interlocutores do presidente não descartam uma redistribuição dos cargos que o União tem hoje no governo para contemplar o parlamentar.

Ainda que não tenha conseguido o apoio do governo e do PT para ser candidato a presidente da Câmara, Elmar recalculou sua meta de ascender politicamente e agora quer ser ministro, segundo integrantes do União e do Planalto que têm mantido conversas com ele. Procurado, Elmar negou negociações neste sentido.

Apesar da aproximação do líder do União na Câmara com o governo, o presidente do partido, Antonio Rueda, tem incentivado a movimentação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, para concorrer ao Palácio do Planalto. Uma ala da legenda diz que é impossível apoiar Lula e que há maioria a favor da pré-candidatura de Caiado, prevista para ser lançada no início do ano que vem.

Trocas na esplanada

Ainda assim, o governo aposta nos acenos a Elmar e nos ministros filiados à sigla, Celso Sabino, do Turismo, e Juscelino Filho, das Comunicações, para pelo menos garantir a neutralidade do União Brasil e impedir o partido de estar com uma candidatura de oposição a Lula. Outra estratégia será buscar alianças estaduais com o partido, com costuras que podem envolver apoio a candidaturas ao Senado ou aos governos locais.

‘Apoio a quem me apoiou’

No MDB, a ala oposicionista tem sido vocalizada principalmente pelos prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes, e de Porto Alegre, Sebastião Melo. Os dois derrotaram nomes apoiados por Lula para se reelegerem em outubro.

Aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do ex-presidente Jair Bolsonaro, Nunes não esconde a intenção de trabalhar para levar a sigla para a oposição em 2026. O prefeito ficou especialmente incomodado com um vídeo divulgado na reta final da campanha eleitoral, com a participação da primeira-dama, Rosângela Silva, em qual ele é acusado de violência doméstica contra a mulher.

— O que irei defender, até por coerência, é que o apoio seja dado a quem me apoiou — disse o prefeito de São Paulo.

Nunes teve como coordenador de campanha o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que em 2022 advogou pela candidatura própria do partido em vez de uma aliança com Lula. Rossi também é próximo do ex-presidente Michel Temer, tratado como adversário pelos petistas, que o acusam de ter sido o responsável por tramar o impeachment de Dilma Rousseff enquanto era seu vice.

Outra parte do MDB, no entanto, minimiza essas rusgas e considera que Nunes não tem peso político para definir os rumos do partido. Esse grupo diz que invariavelmente o prefeito vai procurar o governo federal em busca de recursos para a cidade e a relação irá melhorar até 2026. Na sexta-feira, o emedebista participou de um evento com Lula no Palácio do Planalto, em que foram anunciados investimentos para a capital paulista.

Para fortalecer a posição governista e garantir o MDB na aliança, aliados do presidente iniciaram conversas para que o partido indique o vice em uma eventual candidatura de Lula à reeleição. Entre as opções citadas estão o governador do Pará, Helder Barbalho, e os ministros Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento).

Em entrevista ao jornal O Globo, na semana passada, o pai de Renan Filho, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse acreditar que a posição do partido em 2026 só será decidida no voto de seus dirigentes.

— O partido costuma tomar as suas decisões em convenção, democraticamente. Inevitavelmente, em 2026, a posição será decidida no voto, como sempre foi — disse o senador.

Voto liberado

Já no PSD, o presidente do partido, Gilberto Kassab, tem dados sinais trocados e busca se equilibrar entre a aliança com o governador Tarcísio de Freitas, de quem ele é secretário de Governo, e acenos a Lula.

Em um jantar de confraternização da bancada da sigla no Congresso na semana passada, Kassab afirmou que o comportamento da legenda na eleição presidencial de 2026 vai depender principalmente se o PSD vai ou não ter candidatura própria. Se não tiver, de acordo com ele, o mais provável é que os membros da legenda sejam liberados para apoiar quem quiser.

No mesmo evento, contudo, o presidente do partido declarou ser improvável que o PSD esteja na coligação de Lula em 2026, pois isso deixaria a ala oposicionista do partido desconfortável. O governador do Paraná, Ratinho Júnior, tem sido citado como opção ao Palácio do Planalto.

Enquanto isso, porém, integrantes do governo querem levar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a Esplanada após o fim de seu mandato como presidente do Senado, em fevereiro. Além disso, Lula já declarou ter a intenção de lançar Pacheco como seu candidato ao governo de Minas em 2026.

Por meio de sua assessoria, Pacheco negou que tenha negociado para virar ministro. Ele também tem dito que pode deixar a vida pública a partir de 2027, quando encerra seu mandato de senador.

O líder do PSD no Senado, Omar Aziz (AM), declarou que a legenda vai apoiar qualquer decisão que Pacheco tomar e que ele tem relevância para assumir um ministério importante.

— O partido não discutiu essa questão com ninguém, mas o Rodrigo é duas vezes presidente do Senado, é uma pessoa respeitada por todos nós, ele terá todo o apoio do partido para qual decisão ele tomar.

Outra frente em que o governo atua para se aproximar dos partidos é nas alianças estaduais. Em estados como Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Pará já há acordos entre PT, União, PSD e MDB para isolar bolsonaristas na eleição para governador e senadores.

Se a estratégia for bem-sucedida, o Executivo conseguiria ao mesmo tempo ajudar esses partidos a derrotar nomes da oposição como Ciro Nogueira (PP-PI), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Zequinha Marinho (Podemos-PA) e Eduardo Girão (Novo-CE).

Lauriberto Pompeu/O Globo — Brasília

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