Nesta segunda-feira (9), a Câmara Municipal de Dourados aprovou o Projeto de Lei 150/2024, que define o orçamento do município para o exercício financeiro de 2025. O montante, que chega a R$ 1,94 bilhão, segue agora para sanção do atual prefeito Alan Guedes. Esse será o ponto de partida financeiro para a nova administração de Marçal Filho, que assume em um contexto de expectativas elevadas, muito mais pelo que prometeu na última campanha eleitoral, mas pelo que sempre criticou, como parlamentar e radialista, das administrações anteriores.
Conforme a peça orçamentária apresentada pelo Executivo, a Saúde lidera os investimentos, com R$ 481 milhões, seguida pela Educação, que contará com R$ 203 milhões. Outras áreas estratégicas, como Serviços Urbanos e Obras, receberão R$ 165,9 milhões e R$ 133,8 milhões, respectivamente. Ainda que volumosos, os números suscitam um questionamento inevitável, não pelo montante que Marçal terá para administrar, mas pela obrigatoriedade que tem de ser não apenas um bom prefeito, mas um dos melhores dos últimos tempos, sob pena de ter problemas futuros não apenas como político, mas também como empresário, pela peculiaridade de seu trabalho.
Além do desafio de gerenciar recursos limitados frente a demandas crescentes, a nova gestão enfrentará o teste de “governabilidade” no relacionamento com o Legislativo. Historicamente, esse termo tem sido associado a práticas de troca de favores entre os poderes, resultando, muitas vezes, em denúncias e consequências desastrosas, como já ocorreu em administrações passadas. A exceção recente foi a gestão de Alan Guedes, que, apesar de críticas, conseguiu manter certa estabilidade entre Executivo e Legislativo.
Câmara encerra legislatura com despedidas e votações simbólicas
Na mesma sessão, marcada pelo encerramento da legislatura atual, nove vereadores que não foram reeleitos fizeram discursos de despedida. Entre eles, Tânia Cristina (PSDB), Juscelino Cabral (PSDB), Olavo Sul (MDB) e Maurício Lemes (PSB) destacaram os desafios enfrentados durante seus mandatos. A composição da nova Câmara será essencial para a condução da administração Marçal Filho, que precisará construir alianças estratégicas sem recorrer a práticas que comprometam a transparência e a ética.
Aprovações e vetos em pauta
Além da peça orçamentária, a sessão também deliberou sobre diversos projetos. Um dos destaques foi a aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 021/2024, que reorganiza a estrutura da Controladoria-Geral do Município, reforçando a importância de mecanismos de controle interno. Por outro lado, foi mantido o veto do Executivo ao projeto de lei que alterava o zoneamento e uso do solo, um tema frequentemente alvo de polêmicas locais.
Outros projetos aprovados incluíram regulamentações sobre honorários sucumbenciais para advogados municipais, alterações na política de serviços funerários e denominações de ruas e espaços públicos.
Com a legislatura chegando ao fim, o futuro prefeito Marçal Filho e a nova composição da Câmara terão o desafio de transformar o discurso em prática, em um cenário político que clama por mudanças, mas exige habilidade para navegar entre promessas, expectativas e a realidade de um orçamento apertado.