Nem um pouco incomodado com o alvoroço da saracura do Laranja Doce — mas se rendendo, enfim, à sentença de morte proferida por João Leite Schmidt (o Rasputin do Taquari), lá nos primórdios do PSDB — de que o tucano, ave de bico grande e asas curtas, jamais teria autonomia para voos longos — Reinaldo Azambuja resolveu cantar de galo. E não qualquer galo: um galo que abandona o ninho tucano para cacarejar no galinheiro bolsonarista, aquele mesmo cercadinho onde se misturam ovos de ouro, teorias conspiratórias e promessas de Senado 2026.
Ao vivo no programa Tribuna Livre, da rádio Capital FM, em Campo Grande, o ex-governador anunciou que está de malas prontas para o PL e deu bicadas para todos os lados: chamou Lula de bravateiro, acusou Alexandre de Moraes de “usurpar poderes do Congresso e do Planalto” e se apresentou como porta-voz da indignação seletiva da direita sul-mato-grossense. Tudo isso com a serenidade de quem acredita que o eleitor esqueceu rápido a ave de rapina chamada JBS, cujos irmãos Batista cantaram alto em delações que até hoje ecoam nos tribunais.
Porque, convenhamos: quem ousa bater de frente com Xandão em rede aberta só pode estar muito tranquilo com a própria inocência — ou muito confiante na memória curta do eleitor. Afinal, na política sul-mato-grossense, asas curtas não impedem voos altos: basta pular do ninho certo para o galinheiro certo, torcer por uma anistia do Supremo e esperar a hora da picanha no palanque.
E se em 2026 virar o grande churrasco da extrema direita brasileira o cardápio já está decidido: picanha do Lula, linguiça de Maracaju, terra do Azambuja, e farofa bolsonarista à vontade. Porque, no fim, é sempre o eleitor quem acende o fogo de chão — e paga a conta da festa.
