O dia 4 de agosto de 2025 entra para a história como o dia em que o mito virou refém do próprio cercadinho. Alexandre de Moraes, ministro do STF e carrasco preferido do bolsonarismo raiz, decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro após o ex-presidente, mais uma vez, cuspir na cara das medidas cautelares que ele próprio jurava respeitar.
A cena beira o surrealismo tropical: o homem que dizia lutar contra a “ditadura da toga” agora depende do bom humor da toga para abrir a janela e tomar sol. Aquele que prometeu “liberdade” a seus seguidores tem agora horário de recolher, tornozeleira eletrônica e proibição de fazer lives — um golpe mortal no coração da milícia digital que se alimentava do grito diário do capitão.
O decreto não chega a ser surpresa: Bolsonaro vinha testando os limites do Supremo com provocações e recados cifrados, mas a reincidência transformou o “aviso” de Moraes em canetaço. Resultado: o mito agora vive num Big Brother judicial, vigiado 24 horas por um sistema que ele mesmo chamaria de “comunista”.
E o que resta ao bolsonarismo? Uns choram, outros berram “perseguição!”, mas a maioria — silenciosa e pragmática — já procura novo coronel pra chamar de seu. Azambuja, Tarcísio e até a tropa-de-elite de Maracaju fazem fila no mesmo cercadinho. O mito pode estar em casa, mas a era do coronelismo digital segue a pleno vapor, agora sem motociata — só com cuia de chimarrão e tornozeleira piscando no tornozelo.
