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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Riedel mira a Índia e aposta na rota do futuro

Em missão oficial à Índia, governador Eduardo Riedel apresenta a Rota Bioceânica como alternativa estratégica para o comércio global, buscando atrair investimentos e abrir mercados para o Mato Grosso do Sul

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Enquanto o noticiário brasileiro é dominado por mais uma crise fabricada no laboratório do bolsonarismo — desta vez com ares de tragédia econômica à la Trump —, no outro lado do mundo, o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, tenta puxar para si um protagonismo de rota intercontinental. Literalmente.

Ignorando os ruídos do tarifaço americano, o governador embarcou numa missão comercial à Índia com a promessa de apresentar ao mundo asiático aquilo que o Mato Grosso do Sul tem de mais ambicioso nos últimos anos: a Rota Bioceânica — essa conexão geopolítica e logística entre o coração da América do Sul e os portos do Pacífico, que promete cortar em até 25% o tempo e o custo de entrega de mercadorias entre continentes.

Com uma comitiva recheada de nomes de peso — empresários, parlamentares e técnicos do governo — Riedel desembarcou em Mumbai levando na bagagem um pacote de oportunidades, planos de integração e, acima de tudo, a esperança de atrair olhares indianos para um Estado brasileiro com vocação para crescer além da porteira.

“Chegamos hoje de madrugada e já tivemos um dia extenso, com agendas importantes que deram o tom da perspectiva comercial que temos entre Índia e Mato Grosso do Sul, e o Brasil também”, declarou o governador, mencionando as “complementariedades empresariais” entre os dois gigantes — um, em extensão territorial; o outro, em número de habitantes.

Logo no primeiro dia, a delegação sul-mato-grossense apresentou a Rota Bioceânica a um dos principais fabricantes de tratores do mundo, a Mahindra, e colheu reações animadoras. “Todos ficaram impressionados com as possibilidades que se avizinham”, afirmou Riedel, num tom que mescla entusiasmo técnico e otimismo político.

Mas a viagem não se resume a tratores e mapas logísticos: as agendas também incluem tratativas com o governo local, visitas institucionais, encontros com empresários e até conversas sobre intercâmbios em áreas como ciência, tecnologia e inovação — um sinal de que a missão tenta ir além do agronegócio e flertar com um novo modelo de desenvolvimento para o Estado.

Jaime Verruck, secretário de Desenvolvimento e velho conhecido dessas articulações, já alinhavou conexões com universidades e centros de pesquisa. Sérgio Longen, presidente da Fiems, aproveitou a deixa para puxar projetos empresariais para o centro da mesa. E Cláudio Mendonça (Sebrae) e Maurício Saito (Famasul), presentes na missão, miram desde os pequenos negócios até o topo da cadeia produtiva.

“Entendemos que esse é o caminho para que conheçam o Mato Grosso do Sul e também buscarmos ações de intercâmbio”, disse Longen, reforçando o tom de diplomacia pragmática da viagem.

O governador do estado de Maharashtra, C.P. Radhakrishnan, agradeceu a retribuição da visita que fizera a Mato Grosso do Sul meses atrás. O gesto político pode parecer protocolo, mas não é exagero dizer que representa um passo na construção de pontes firmes com um dos mercados mais promissores do planeta — a Índia ultrapassou recentemente a China em população e cresce a taxas que fazem inveja a muitos países da OCDE.

Riedel, nesse ponto, não quer apenas abrir caminhos: quer carimbar o nome do Mato Grosso do Sul no passaporte da nova economia global. Enquanto Brasília queima neurônios com guerra ideológica e tarifas retaliatórias, ele traça rotas com GPS diplomático — e mira num eixo de trânsito de bens que poderá reposicionar o Estado no mapa logístico da América do Sul.

Se a missão trará resultados concretos ou ficará no álbum das boas intenções, ainda é cedo para saber. Mas, para um governo que tenta se mostrar moderno e internacional, estar em Mumbai discutindo oportunidades com o país mais populoso do mundo, enquanto o Planalto tenta conter a próxima briga no cercadinho, já é, no mínimo, um aceno de quem quer pensar grande — mesmo que ainda precise de muito chão para chegar lá.

Com informações da Secom-MS

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